24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Veja diz que bens de Temer estavam em nome de Yunes, “a mula”.

José Yunes era assessor especial de Temer e pediu demissão em dezembro do ano passado.

De acordo com levantamento realizado pela revista Veja, parte dos bens do presidente Michel Temer (PMDB) teve como dono anterior José Yunes, amigo de longa data e ex-assessor especial do peemedebista. Yunes pediu demissão do cargo em dezembro e prestou depoimento voluntário ao Ministério Público em fevereiro, quando afirmou que foi “mula involuntária” do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Uma casa, duas salas comerciais e um andar inteiro em um prédio na cidade de São Paulo fazem parte da lista de bens que foram vendidos por Yunes e suas empresas para a família Temer. Apesar do padrão curioso e de algumas transações não terem seguido o padrão convencional, a revista não detectou nenhuma ilegalidade nas atividades.

As propriedades somavam R$ 18 milhões antes de serem vendidas a Temer. Uma das transações que mais chama a atenção é a do andar em um prédio em São Paulo. O edifício está localizado em área nobre da cidade e foi construído pela família de Yunes. Temer comprou o andar em 2011 por R$ 2,2 milhões. O montante equivale a apenas um terço do valor de mercado para um imóvel na região à época. Atualmente, o valor estimado de mercado é de R$ 14 milhões.

José Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial do governo em dezembro do ano passado, após ser citado por delator da Odebrecht. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira, afirmou que parte da propina de R$ 10 milhões pedida por Temer foi repassada a Yunes e a Eliseu Padilha. O amigo de Temer teria recebido R$ 4 milhões em espécie no seu escritório.

Ao pedir demissão, Yunes escreveu uma carta entregando o cargo a Temer. “Nos últimos dias, Senhor Presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço, com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB.  Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão”, escreveu o advogado.

Em fevereiro, Yunes prestou depoimento ao Ministério Público de maneira espontânea. Ele disse que atuou como “mula involuntária” para o ministro Eliseu Padilha. Yunes disse que recebeu um envelope do doleiro Lúcio Bolonha Funaro a pedido de Padilha. José Yunes disse que não sabia o conteúdo do pacote e que não se preocupou em esclarecer o que havia dentro dele.