26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Revista Veja diz que governo Michel Temer quer abafar Operação Lava Jato

A matéria está baseada nas denúncias do Advogado Geral da União que Michel Temer demitiu nesta sexta-feira

A revista Veja deste fim de semana estampa em sua capa uma entrevista com o agora ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório,exonerado nesta sexta-feira (9) e substituído pela advogada Grace Maria Fernandes Mendonça. Segundo Fábio, sua saída decorre de sua atuação para punir governistas investigados na Operação Lava Jato.

Recorrendo à estratégia de veicular, nas redes sociais, um filmete reproduzindo a publicação, a revista não disponibilizou o material na internet, o que só será feito a partir deste sábado (10).

“O advogado-geral da União diz a Veja que foi demitido porque queria punir aliados do Planalto envolvidos em corrupção na Petrobras”, diz subtítulo registrado logo abaixo da foto de Fábio Medina na capa da revista.

Diferentemente dos demais ministros demitidos na gestão Temer, o advogado-geral da União não sai em decorrência da divulgação de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado envolvendo denúncias da Lava Jato.

Em 23 de junho, Romero Jucá deixou o Ministério do Planejamento e voltou para o Senado em função da publicação de conversas em que ele defende a troca do governo e a construção de um “pacto” para “estancar a sangria” da Lava Jato. Antes de Jucá, em 16 de junho, o então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, também pediu para sair depois que o seu nome foi denunciado em delação premiada.

Antes de Jucá e Henrique Alves, em 30 de maio, o então ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, deixar o cargo após a divulgação do mesmo conjunto de áudios feito por Sérgio Machado com investigados da Lava Jato. Fabiano figura em uma das gravações orientando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o próprio Sérgio Machado a se defenderem na investigação que desvendou um bilionário esquema de corrupção na Petrobras.

Bate-boca – Apesar de o Palácio do Planalto não ter se manifestado sobre a discussão entre Fábio e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, na noite de ontem (quinta, 8), o desentendimento foi o estopim para a substituição. Na ocasião, Padilha, responsável pela indicação de Osório para a pasta, mencionou estar insatisfeito com decisões do então ministro da AGU consideradas erradas pelo ministro. Entre as justificativas de Padilha estão a falta de diálogo entre o agora ex-AGU e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de críticas de membros da Advocacia-Geral da União que chegaram ao Planalto.

Apesar da dura conversa durante a noite de ontem, Fábio manteve a confiança na permanência no cargo e chegou a afirmar à imprensa que “não é Padilha quem demite”, e que esperava ter uma conversa com o presidente Michel Temer para esclarecer as coisas. “Se eu sair amanhã do governo, sairei sem ter falado com Temer. O mínimo que se espera é uma conversa com o presidente. Que governo é esse que ministro demite ministro? Eu não pedi demissão”, afirmou ao canal GloboNews.

 

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