23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Vídeo: Desembargador denunciado por cobrar propina de R$ 700 mil.

A corrupção passeia nos três poderes do Brasil cada vez mais caolho

 Uma sessão da 1ª Câmara Cível do TJ-SC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) foi interrompida após um advogado acusar um dos desembargadores de cobrar uma propina de R$ 700 mil, para decidir favoravelmente em um processo.

Segundo o advogado Felisberto Odilon Córdova, o juiz Eduardo Gallo teria pedido R$ 700 mil ao escritório de advocacia em que Córdova atua.

“Eu vou além, senhor presidente: o julgamento que está acontecendo aqui é comprado. Eu estou fazendo uma denúncia. Esse cidadão foi abordado com uma proposta que vem do Rio de Janeiro para receber R$ 500 mil, sendo R$ 250 mil antes e R$ 250 mil depois. E o descarado chegou a mandar para o nosso escritório uma contraproposta, que poderíamos encobrir isto por R$ 700 mil”, afirmou o advogado.

O julgamento foi imediatamente interrompido. Exaltado, o Córdova chamou o magistrado de “safado” e “vagabundo”. Como resposta, Gallo pediu a imediata prisão do advogado, o que não ocorreu.

“Isso aqui não é a Câmara dos Deputados. É um Tribunal de Justiça. É preciso que a moralidade surja e ganha termo”, disse, completando:

“Vamos os dois presos, que eu quero quebrar a sua cara, desgraçado! Vagabundo!”, finalizou.

O vídeo das acusações viralizou em redes sociais:

Conforme informações do jornal Diário Catarinense, Eduardo Gallo disse que entrará com uma ação contra o advogado. O desembargador recebeu apoio da ACM (Associação Catarinense de Magistrados).

O presidente da OAB-SC (Ordem dos Advogados de Santa Catarina), Paulo Brincas, afirmou: “A tribuna é solo sagrado da advocacia”, e defendeu a atitude de Córdova.

“A tribuna é solo sagrado da advocacia e ali o advogado tem a prerrogativa, e eu diria até a obrigação, de fazer qualquer denúncia, quando entender que há um ato ilícito. Estou convicto que ele apresentará as provas e os fatos serão investigados pelos órgãos competentes. A OAB/SC vai apoiá-lo e acompanhar os desdobramentos das denúncias”, disse Brincas.

Não é o primeiro caso envolvendo membros do Judiciário brasileiro, independentemente de instâncias. O advogado terá apresentar as provas ao Tribunal. Mas, o fato em si remete ao problema da corrupção generalizada no País, que passeia pelos três poderes, diante de uma sociedade cada vez mais caolha.