28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

14 no total: Demissões continuam na TV Pajuçara e mais 5 são desligados após greve

Todos os demitidos são profissionais experientes e participaram da greve legal da categoria contra a redução salarial

Profissionais que lutaram contra a redução de 40% do piso salarial seguem sendo demitidos trabalhavam na TV Pajuçara. Na segunda (6), foi anunciada as demissões de sete jornalistas e dois cinegrafistas da afiliada da afiliada da Record TV. Agora, na manhã desta terça (6), outros cinco foram demitidos.

Todos os desligados são profissionais experientes e participaram da greve legal da categoria contra a redução salarial e perda de outros benefícios.

Na nova leva, quase todos estão ligados à apresentação ou reportagem. É o caso de Lucas Malafaia, que começou a trabalhar na casa em 2005, ainda estagiário. Nathália Lopes, que era repórter e depois da greve foi rebaixada para produção, também foi desligada hoje.

A produtora Gésia Malheiros, uma das mais antigas da casa, com mais de 23 anos dedicados à emissora, também saiu. O repórter e radialista Alberto Lima, dos programas policiais, e o repórter cinematográfico Janilton da Silva, também foram desligados.

Para o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, que já está tomando todas as providências, as demissões foram discriminatórias por causa da participação dos profissionais na greve da categoria contra uma proposta de redução de 40% do piso salarial e perda de outros benefícios.

Primeiros demitidos

Sete jornalistas e dois cinegrafistas foram os primeiros demitidos. Um deles foi Gernand Lopes, apresentador do programa “Fique Alerta” local, programa responsável pelo maior faturamento da emissora. Gernand Lopes tinha mais de 17 anos na casa e começou como repórter e desde 2012 ancorava o programa.

Outros quatro profissionais do telejornal “Pajuçara Noite”, também foram demitidos: Juliana dos Anjos e Alberto Fonseca eram os apresentadores e foram convidados para assumir a bancada em janeiro deste ano; além deles, Esther Carvalho, editora do telejornal, e Rafael Alves, que tem quase 10 anos na casa e atuava como repórter há 5 anos, também foram demitidos.

A justificativa dada na hora da demissão para os funcionários foi o término do programa, mas todos os demitidos participaram da greve dos jornalistas, que ocorreu no mês passado.

Oscar de Melo, apresentador do Cidade Alerta Alagoas, também foi demitido. Oscar apresentava o programa desde 2014 e também aderiu a paralisação da categoria. Assim como ele, Henrique Pereira deixou a emissora onde era repórter de comunidade para os programas Balanço Geral, Fique Alerta e Cidade Alerta desde março de 2015. Henrique Pereira também foi desligado da Rádio Pajuçara.

Além destes, os repórteres cinematográficos Milton Cavalcante e Deoclécio Passos também foram desligados da emissora.

As nove demissões na afiliada da RecordTV se somam às outras quinze que ocorreram menos de 12 horas do fim da greve na TV Gazeta, afiliada da TV Globo. No total, 24 profissionais foram desligados até o momento como retaliação pela adesão ao movimento grevista. O Sindicato dos Jornalistas já está ciente das demissões e tomando todas as providências.

As demissões do grupo Arnon de Mello não foram de acordo com o que o TRT já julgou ser contrário.

Nota de Repúdio

Com a onda de demissões, os professores do curso de jornalismo da Universidade Federal de Alagoas emitiram uma nota de repúdio ao Pajuçara Sistema de Comunicação, da qual a TV Pajuçara faz parte. Na nota os professores dizem que as demissões são “contra o exercício qualificado e amplo do jornalismo, elemento fundamental na preservação dos direitos humanos e da democracia”. Veja a íntegra:

“Os professores do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas, abaixo assinados, vêm a público manifestar solidariedade aos jornalistas demitidos pelo Pajuçara Sistema de Comunicação – PSCom.

As demissões aconteceram ontem e hoje, 05 e 06 de agosto de 2019, pouco mais de um mês após o encerramento da greve dos jornalistas do estado de Alagoas, motivada pela proposta das empresas de comunicação de reduzir o piso salarial da categoria.

O PSCom se junta, dessa maneira, à Organização Arnon de Mello, perseguindo os profissionais que se opuseram à perda de suas garantias trabalhistas e à retirada de direitos. Nesse sentido, repudiamos veementemente as demissões desses profissionais.

Vale lembrar que o jornalismo brasileiro atravessa tempos sombrios e que os profissionais de imprensa, juntamente com os professores do ensino público, foram escolhidos como inimigos do país pelo governo autoritário e truculento, que ora ocupa o Palácio do Planalto.

Não bastassem as demissões, o PSCom anuncia o fim de seu telejornal diário, Pajuçara Noite, privando a sociedade alagoana de relevante e reconhecida produção jornalística, reduzindo ainda mais a diversidade de informações na TV alagoana.

As demissões em massa compreendem, assim, mecanismo extremamente perverso não só contra os profissionais que perderam seus postos de trabalho, como também contra o exercício qualificado e amplo do jornalismo, elemento fundamental na preservação dos direitos humanos e da democracia”.