Chego ao posto de combustíveis e peço para a frentista colocar aqueles velhos 50 reais de gasolina.
Desço para tomar uma água e a frentista suspira, enquanto encaixa o bico da bomba na boca do tanque do carro:
– Moço, na próxima encarnação, quero ser rica. E nascer homem, porque mulher sofre demais!
O que eu entendi é que a pobreza cansa. E o “ser mulher” também. São muitas injustiças e cobranças. Mulher faz quase tudo o que o homem faz.
E ainda tem que cuidar deles e estar sempre impecável.
Fiquei feliz por ver uma pessoa simples com consciência social. Ela sabe que a sociedade é machista.
Porém, triste pelo fato de ela demonstrar desânimo com a luta.
Tomo minha água, entro no carro e saio.
Na torcida de que aquela indignação da frentista se torne ação, o que vai ser difícil com o avanço do conservadorismo.
Mas, essa onda há de passar. Com fé e esperança.