27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Maceió

Relatório da CPRM acusa Braskem por rachaduras

No auditório, moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedoro gritaram “fora Braskem” quando geólogo da CPRM indicou responsabilidade da empresa


Transmissão no Facebook da CPRM.

Após a apresentação da situação do laudo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Serviço Geológico do Brasil (CPRM), nesta quarta (8), o diretor da CPRM, Thales Sampaio, respondeu um morador sobre a culpa ou não da Braskem, pelo afundamento e rachaduras que atinge os bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em Maceió.

Ele foi enfático: na região, há uma falha geológica e a empresa deveria realizar testes antes de fazer perfuração e mineração. O que agravou o fenômeno nos bairros. Imediatamente, os moradores presentes passaram a gritar “fora Braskem”.

“As cavidades foram construídas exatamente na intersecção das estruturas ou em cima delas. Isso não deixou que as caverna ficassem íntegras, causando a desestabilização das cavidades construídas pela Braskem”. Thales Sampaio, CPRM.

Relatório encontrou relações entre poços e minas escavados e as rachaduras na região

Apresentação

Está sendo apresentado nesta quarta-feira (8), a apresentação do laudo da CPRM. De acordo com o documento, os danos em superfície são agravados pelos efeitos erosivos provocados pelo aumento da infiltração da água de chuva em fraturas/falhas preexistentes, bem como por novas fraturas produzidas pela subsidência.

Este processo erosivo é acelerado pela existência de áreas de alagamento e a falta de uma rede de drenagem pluvial e de saneamento básico adequados. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram diversos métodos científicos que foram interpretados e integrados.

Os métodos geofísicos gravimetria, audiomagnetotelúrico e eletrorresistividade permitiram a melhor caracterização do subsolo da região estudada.

A interferometria, por sua vez, detectou deslocamento da superfície compatível com subsidência por deformação dúctil/rúptil (rochas que se deformam até o limite de ruptura/rochas que se deformam sem romper) das camadas geológicas na região de poços de extração de sal-gema.

As observações de campo – trincas, rachaduras e fissuras e áreas alagadas na borda da Lagoa Mundaú- também apontam deformações compatíveis com a subsidência.

Conclusões

Clicando aqui é possível acompanhar a íntegra da apresentação realizada e também o Relatorio CPRM. As conclusões que eles chegaram foram:

  • Está ocorrendo desestabilização das cavidades provenientes da extração de sal-gema, provocando halocinese (movimentação do sal) e criando uma situação dinâmica com reativação de estruturas geológicas preexistentes, subsidência e deformações rúpteis em superfície em parte dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro, Maceió-AL;
  • No bairro Pinheiro, cujo reflexo da subsidência é a formação de uma zona de deformação rúptil (fissuras e rachaduras), a instabilidade do terreno é agravada pelos efeitos erosivos provocados pelo aumento da infiltração da água de chuva em plano de fraturas/falhas preexistentes e presença de solo extremamente erodível, em função do aumento significativo da permeabilidade secundária (quebramentos). Este processo erosivo é acelerado pela existência de pequenas bacias endorreicas, falta de uma rede de drenagem pluvial efetiva e de saneamento básico adequado;
  • Está ocorrendo desestabilização das cavidades da extração de salgema, provocando halocinese (movimentação do sal) e criando uma situação dinâmica com reativação de estruturas geológicas preexistentes, subsidência e deformações rúpteis em superfície de parte dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro;
  • No bairro Pinheiro, cujo reflexo da subsidência é a formação de uma zona de deformação rúptil, a instabilidade do terreno é agravada pelos efeitos erosivos provocados pelo aumento da infiltração da água de chuva, em função do aumento significativo da permeabilidade secundária (quebramentos). Este processo erosivo é acelerado pela existência de pequenas bacias endorreicas e falta de uma rede de drenagem efetiva e saneamento básico.
Mapa das áreas de risco do Pinheiro

Evacuação

Um documento, com cerca de 100 páginas, já havia sido elaborado com a participação das defesas civis Estadual e Nacional, detalhando a atuação para ações preventivas e também em caso de desastre.

“É importante cumprir com nossas obrigações legais. Se ocorrer um volume de chuva entre 30 e 40ml em uma hora, precisamos estar prontos para atuar. A gente espera que não aconteça, mas temos que ter o plano de evacuação pronto. É um trabalho em parceria com muita gente: Ministério Público Estadual e Federal, Corpo de Bombeiros, Defensoria Pública. Enfim, todo mundo unido para oferecer mais tranquilidade ao povo do Pinheiro”. Rui Palmeira, prefeito de Maceió.

No Pinheiro, onde as fissuras surgiram há mais tempo, os cenários de risco correspondem ao mapa de feições produzido pela CPRM, que classificou os locais em áreas vermelha, laranja e amarela.

A área vermelha, de maior risco, concentra 514 imóveis e mais de 1.900 moradores. A laranja possui quase 1.600 imóveis, e a amarela, 332. Pelo plano de contingência, são considerados fatores de risco ocorrências como o surgimento de rachaduras e buracos em terrenos, o desabamento de edificações ou o deslizamento de encostas.

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