29 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Após nota inverídica das TVs: TRT/AL julga redução de 40% do piso dos jornalistas

Além de omitir a obscena redução de 40% do piso salarial, canais acusam Sindjornal de decidir sem consultar profissionais

Jornalistas aguardam início da audiência no TRT

Na manhã desta quarta-feira (3), os jornalistas alagoanos, que estão há 9 dias em greve, se preparam para participar de uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) por não conseguir chegar em um acordo com as empresas do estado, que querem reduzir o piso salarial em 40%. O TRT julga a proposta das empresas de corte, já defasado com o passar dos anos – hoje é pouco mais de três salários mínimos.

Antes, nesta terça, em nota conjunta as três maiores empresas de comunicação de Alagoas soltaram uma versão inverídica (a dita fake news) sobre o andamento da negociação com os jornalistas do estado.

Exibido na TV Gazeta, TV Pajuçara e TV Ponta Verde, seu conteúdo mente sobre o andamento das negociações e o posicionamento dos profissionais.

Além de omitir a obscena redução de 40% do piso salarial, eles acusaram o Sindicato dos Jornalistas de tomar uma decisão sem consultar os profissionais. O que foi longe de ser verdade.

Confira a nota do Sindjornal na íntegra:

Nota do Sindjornal

Diante da nota divulgada pelas três maiores empresas de comunicação de Alagoas precisamos esclarecer que muitas das informações veiculadas não correspondem com a verdade.

As empresas alegam que foram várias as tentativas de negociação. Ao todo, foram seis oportunidades, mas é importante frisar que em TODAS elas, as empresas se posicionaram de forma irredutível pela REDUÇÃO do piso salarial. E por isso, a categoria decidiu entrar em greve.

Na nota divulgada, as empresas manipulam as informações para distorcer a verdade. Ao longo de todas as tratativas, a proposta das empresas foi uma só: REDUÇÃO de 40% do piso salarial para os novos contratados, dando aos atuais empregados uma estabilidade de PISO por apenas 1 ano.

O que a categoria DECIDIU em assembleia, foi que isso representaria uma forma de substituir toda mão de obra atual, por uma mais barata e precária – uma vez que as empresas de Alagoas, historicamente, fazem do piso o teto salarial.

Outro ponto onde as empresas mentiram na nota é de falsamente acusar o Sindicato dos Jornalistas de tomar uma decisão sem consultar a base. Uma informação descabida, totalmente desprovida da verdade e que visa buscar dividir o movimento que conta com adesão de cerca de 95% da categoria.

No dia que antecedeu a deflagração da greve, as empresas apresentaram uma proposta estabelecendo níveis diferenciados de pagamento com novos valores de piso tendo o atual como escala superior. Na prática, reduzindo a categoria a duas esferas e estabelecendo o atual piso como TETO.

Na oportunidade, o Sindjornal encaminhou uma contraproposta que tinha como ideia central uma alternativa construída com representantes da TV Gazeta. O documento levado reflete aquilo discutido e foi apresentado como alternativa a proposta assinada pelas empresas. Vale ressaltar, que o diretor da TV Pajuçara sequer se deu ao trabalho de receber o documento.

Mesmo assim, levamos a proposta aos mais de 150 profissionais que participaram da assembleia, que rejeitou de forma unânime a última proposta das empresas. Incluindo nesses votos, jornalistas detentores de cargos de chefia, que depois foram pressionados, e mesmo votando a favor da greve, voltaram a exercer suas atividades. Tal assembleia está devidamente registrada com fotos, vídeos e listas.

Sobre a proposta do MPT, mais uma assembleia foi realizada, e a proposta foi negada, entre outros pontos a categoria não admitiu a possibilidade de reduzir o piso. Vale ressaltar que o valor atual sendo colocado como uma faixa intermediária, até foi discutida, mas não estava escrita e registrada no documento. Logo, a proposta foi considerada ruim para os jornalistas.

A informação que as empresas querem reduzir o piso é, portanto, verdadeira e ganhou força nessa quarta-feira, com o parecer do MPT que reforça a posição do Sindjornal durante toda essa tentativa de negociação.

Reiteramos que sempre buscamos negociar, mas a intransigência esteve sempre do lado das empresas, que insistem no discurso da necessidade de reduzir o piso salarial dos jornalistas.

Sindicato dos Jornalistas de Alagoas