20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Folha: Arthur Lira briga com líderes no Whatsapp e cria o grupo ‘Centrão Raiz’

Líder do PP e aliado de Bolsonaro, deputado alagoano é um dos principais nomes contados para disputar a sucessão de Maia, em fevereiro de 2021

Deputados em grupo de WhatsApp com líderes no Congresso bateram boca depois de uma votação de medida provisória que não agradou ao Centrão.

No grupo está o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que viu o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do PP e do Centrão, sair desse grupo e criar um novo, só com partidos que hoje negociam cargos no governo em troca de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Chamado de “Os independentes”, na prática o grupo é uma espécie de Centrão Raiz e tem em seu líder, grande aliado de Bolsonaro, um dos principais nomes contados para disputar a sucessão de Maia, em fevereiro de 2021

Lira acusou o líder do MDB, Baleia Rossi (SP) de ter rompido com um acordo construído sobre a MP de regularização fundiária. Baleia defendeu a substituição da medida provisória por um projeto de lei para fazer uma rodada de diálogos com líderes partidários sobre o texto.

E como Maia apoiou Baleia, Lira, muito irritado segundo a FolhaPress, protestou contra o que considerou quebra de acordo.

“A proposta do líder Baleia Rossi não foi discutida nem no grupo de líderes de que fazemos parte, e, portanto, pegou-nos a todos de surpresa. Não fomos nem sequer comunicados pelo líder Baleia Rossi, por quem tenho um apreço muito grande”. Arthur Lira, líder do PP e Centrão.

Ao retirar a MP de pauta, Maia atendeu à oposição. Segundo parlamentares, o presidente da Casa sabe que hoje precisa de deputados contrários a Bolsonaro para manter pelo menos 130 parlamentares, uma média da oposição, a seu favor.

Lira reclamou pra Maia, abertamente, dizendo que não fazia mais sentido manter aquele grupo. Insinuou ainda que os colegas teriam costurado um outro trato sem que ele soubesse. Pediu, então, que Maia “desmanchasse” o grupo para que ele não tivesse que sair de lá.

Baleia respondeu dizendo que havia sido mal interpretado Lira subiu o tom: “Não tem bobo nem inocente neste mundo” e saiu do grupo no aplicativo e organizou outro, que chamou de “Os independentes”.

A briga continuou nesta quarta-feira com uma articulação de Lira para boicotar a reunião de líderes do presidente da Câmara. Faltaram ao encontro o parlamentar do PP, além de Wellington Roberto (PL-PB), líder do PL, e outros.

Apesar de nenhum líder cravar que o rompimento é definitivo, caciques do centrão viram na atitude de Lira o início de uma movimentação mais enfática dele para marcar distância de Maia e buscar construir sua candidatura à presidência da Câmara.

A avaliação de dirigentes partidários é a de que o líder do PP quis mandar um recado ao Planalto de que se distancia de Maia. E, além disso, já procura entre os próprios pares se posicionar como uma alternativa ao presidente da Câmara.

Toma lá, da cá

Ao lotear cargos do governo federal com nomes indicados pelo Centrão, o presidente Jair Bolsonaro  deixa sob o controle desses políticos um orçamento total de até R$ 78,1 bilhões.

Esses recursos estão previstos para 2020 nos órgãos sobre os quais os líderes do bloco informal, do qual o chefe do Poder Executivo busca apoio no Congresso, demonstraram interesses.

Indicados de deputados do Progressistas e do Republicanos já assumiram o comando do Departamento Nacional de Obras Contra Secas (Dnocs) e da Secretaria de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional.