19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Ataque de drone dos EUA mata líder iraniano em Badgá e amplia tensão no Oriente Médio

General Soleimani liderava as operações no exterior; Líderes iranianos prometeram retaliação

O general Soleimani, 62 anos, liderava a força Al-Quds dos Guardiões da Revolução, encarregada das operações no exterior e foi morto em ataque autorizado por Donald Trump

O ataque coordenado pelos EUA contra um aeroporto em Bagdá, no Iraque, matou Qasem Soleimani, chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irã, considerado um dos homens mais importantes do país. Ao menos outras sete pessoas morreram.

O pentágono confirmou que o ataque aconteceu “sob ordens do presidente” Donald Trump. Em nota no Twitter, a informação é que os “militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani”. Na mesma noite, Trump postou apenas uma bandeira americana.

O general Soleimani, 62 anos, liderava a força Al-Quds dos Guardiões da Revolução, encarregada das operações no exterior. Era visto como um herói no Irã e exercia um papel-chave nas negociações políticas para formar um governo no Iraque.

Soleimani, um dos principais personagens do combate às forças jihadistas na região, tinha uma atuação fundamental no reforço da influência diplomática de Teerã no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria.

Ao menos oito morreram no ataque realizado por drone americano

Retaliação

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, advertiu que a ação p, é uma “escalada extremamente perigosa e imprudente”.

“Soleimani se uniu a nossos irmãos mártires e nossa vingança sobre a América será terrível”. Mohsen Rezai antigo chefe dos Guardiões da Revolução, exército ideológico da República Islâmica.

E a coisa piora: o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se comprometeu a “vingar” a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional no país.

“O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes anos (…) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires”. Aiatolá Khamenei, líder supremo do Irã.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, também prometeu vingança.

“Não há nenhuma dúvida sobre o fato de que a grande nação do Irã e as outras nações livres da região se vingarão por este horrível crime dos Estados Unidos”. Hassan Rohani, presidente do Irã.

Medo da 3ª Guerra Mundial

No final do primeiro dia útil de 2020, o mundo convive com uma escalada da tensão no Oriente Médio. Considerado um herói no país, Suleimani recebeu uma oração em rede nacional como homenagem e foi chamado de mártir.

O militar liderava há mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã responsável pelo serviço de inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior. O governo iraniano convocou uma reunião de emergência de sua cúpula de segurança para debater uma resposta ao ataque.

A tensão entre Teerã e Washington acaba de atingir, portanto, um nível estratosférico.Especialistas consideram o maior em pelo menos dez anos. As redes sociais refletem esse momento. Em poucas horas, os assuntos mais comentados no mundo no Twitter foram Trump, Iran, World War 3, WWIII, e Terceira Guerra Mundial.

Nos Estados Unidos, muitos internautas lembraram que o ex-presidente democrata Bill Clinton fez algo parecido em 1998. Acuado, assim como Trump, com uma ameaça de impeachment, ele lançou um ataque aéreo no Iraque, como mostra manchete do The New York Times de 17 de dezembro daquele ano.