25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro ataca europeus, imprensa e nega na ONU devastação da Amazônia

Presidente reforçou que foi esfaqueado por um ‘militante de esquerda’ e ressaltou o ‘patriotismo’ do ex-juiz Sergio Moro

Em um discurso para estrangeiros desavisados e, principalmente, apoiadores ouvirem, o presidente Jair Bolsonaro não pegou leve em suas palavras. E com a distorção de alguns fatos, realizou seu discurso na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU.

De acordo com o presidente, a Amazônia permanece “praticamente intocada”, negou que a região esteja sendo devastada, culpou a mídia por destorcer fatos e ainda atacou nações que teriam ameaçado a soberania do Brasil. E ainda disse que seu governo tem compromisso com a preservação do meio ambiente, ao contrário do que noticiava parte da imprensa mundial.

“Valendo-se destas falácias, um país ou outro do mundo embarcou nas mentiras da mídia e se portou de maneira desrespeitosa e com espírito colonialista. Meu governo tem compromisso solene com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamente intocada”. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Ele fez questão de usar França e Alemanha como exemplos na agricultura. Reforçando que estes países, que recentemente criticaram as políticas ambientais brasileiras, usam metade de seu território para plantio, enquanto que no Brasil este total seria de apenas 8%.

Segundo ele, proteger grande parte do território para, proporcionalmente, poucos indígenas, atrapalha o crescimento nacional. Bolsonaro destacou que o Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade e destacou negativamente o cacique Raoni, dizendo que pessoas como ele são usadas como “peças de manobra”.

Ele reforçou ainda que foi esfaqueado por um ‘militante de esquerda’, ressaltou o ‘patriotismo’ do seu atual ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro e citou novamente passagem na bíblia, revelando que apenas a verdade é capaz de libertar.

Cuba e Venezuela

No discurso, o presidente disse que o Brasil trabalha para reconquistar a confiança do mundo e diminuir problemas como emprego e violência. Segundo ele, o país estava “à beira do socialismo” e está sendo reconstruído em seu governo.

“Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade, ataques ininterruptos dos valores religiosos que marcam nossa tradição”. Jair Bolsonaro.

Bolsonaro falou também sobre a saída de Cuba do programa Mais Médicos antes mesmo de ele assumir o cargo. Segundo ele, contribuiu para a “ditadura cubana não receber em Havana US$ 300 milhões por ano”.

O presidente também falou sobre a situação na Venezuela, dizendo que o país experimenta hoje “a crueldade do socialismo” e que o Brasil sente os impactos disso.

“Dos mais de 4 milhões que fugiram, uma parte está no Brasil. Estamos fazendo nossa parte para ajudar”. Jair Bolsonaro.

O Itamaraty já comunicou a diversos veículos nacionais que o discurso tem “cunho pessoal” e não expressa necessariamente as visões dos mais próximos colaboradores do presidente da República.