26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro convocou ministros para discutir reação ao STF

Auxiliares do mandatário disseram que o presidente tratou a situação como uma guerra

O presidente Jair Bolsonaro convocou ministros na tarde desta quarta-feira (27) para discutir uma reação ao STF (Supremo Tribunal Federal), após operação determinada pela corte ter mirado políticos, blogueiros e empresários ligados ao mandatário.

Segundo assessores presidenciais, Bolsonaro deve propor uma resposta mais contundente ao Supremo, onde tramita o inquérito das fake news.

  • Uma das opções em pauta é sugerir que o ministro Abraham Weintraub (Educação) não preste depoimento à corte, após ter sido intimado pelo ministro Alexandre de Moraes nesse mesmo inquérito que resultou em operação de busca e apreensão contra bolsonaristas.
  • O presidente também deve sugerir que Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), não acate nenhum pedido do Supremo em um outro inquérito, esse relatado por Celso de Mello.
  • Numa terceira frente, mais agressiva, aliados de Bolsonaro ainda defendem que ele nomeie Alexandre Ramagem na Polícia Federal, em um enfrentamento à decisão anterior de Moraes, e passe a brigar com o Supremo judicialmente, mesmo que recorra a cortes internacionais.

Militares

Bolsonaro avaliou nesta quarta-feira que a operação deflagrada teve como objetivo atingi-lo. O presidente discutiu o assunto com ministros, inclusive com o titular da Defesa, Fernando Azevedo.

Auxiliares do mandatário disseram que o presidente tratou a situação como uma guerra e que hoje teria mais condições de tomar uma medida forte porque tem o apoio de ministros militares. Aliados do presidente avaliam que as últimas ações do Supremo uniram o núcleo fardado em defesa do governo.

Mais cedo, integrantes do Palácio do Planalto disseram que cresceu a disposição do presidente de questionar ministros da corte com base na lei de abuso de autoridade.

Moraes e Toffoli iniciaram os inquéritos

Fake News

O inquérito das fake news apura a disseminação de notícias falsas, ofensas, ataques e ameaças contra integrantes do STF.

Foi no âmbito deste inquérito que Moraes mandou tirar do ar reportagem dos sites da revista Crusoé e O Antagonista que ligavam Toffoli à empreiteira Odebrecht. Dias depois, o ministro voltou atrás e derrubou a censura.

No Supremo, com exceção do ministro Marco Aurélio, mesmo os críticos ao procedimento têm evitado comentá-lo, seja para não enfraquecer o tribunal perante o público, seja porque, como observam, desconhecem a gravidade do que a apuração ainda pode encontrar.

As investigações identificaram indícios de envolvimento do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, no esquema de notícias falsas. O inquérito busca elementos que comprove sua ligação e sustente seu possível indiciamento dele ao fim das apurações. Outro filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de SP, também é suspeito.

Os filhos Carlos, Flavio e Eduardo Bolsonaro, principais acusados de comandar as milícias digitais do pai presidente, Jair Bolsonaro