25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Bolsonaro pressiona Guedes para entregar, no mínimo, crescimento de 2% no PIB

Ministro preocupado o presidente com dados fracos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, enfrenta desgastes com o presidente Jair Bolsonaro e passou a ser cobrado por resultados. Alçado a superministro no começo do mandato, Guedes tem sido pressionado, desde o início deste ano, a mostrar seus feitos na economia.

Com a redução da projeção do PIB, o presidente reforçou a Guedes a necessidade de que, neste ano, a atividade econômica cresça, no mínimo, 2%. Segundo assessores presidenciais, Bolsonaro fez o pedido a Guedes em uma reunião nesta semana. Como resposta, o ministro afirmou que será possível atingir, ou até superar, o percentual. No entanto, a resposta não tranquilizou o presidente.

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Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou na segunda-feira (17) que as projeções do mercado para a economia brasileira caíram. A expectativa de crescimento passou de 2,30% para 2,23%.A queda na projeção gerou incômodo na própria equipe econômica.

Enquanto isso, apesar do surto de coronavírus na China, a Bolsa brasileira segue em alta. Neste ano, subiu 0,75% —o suficiente para manter o patamar dos 114 mil pontos. Na contramão, o dólar subiu 9,4%, o que preocupa. Nesta quinta-feira (20), fechou a R$ 4,392.

Já pediu pra sair

Após encontro a portas fechadas com o presidente no início da semana, Paulo Guedes deixou o Palácio do Planalto ainda ministro. Ele ouviu apelos de Bolsonaro e dos ministros Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que também participaram da reunião, para continuar no governo.

Inclinado a entregar o cargo, ele resolveu continuar para tocar sua agenda liberal, mas não se sabe mais por quanto tempo. Para que continuasse com seu Posto Ipiranga no cargo, Bolsonaro argumentou sua saída do ministério poderia representar o fim precoce do governo.

Considerado o grande trunfo de Bolsonaro com o mercado, o ministro se vê encurralado pela repercussão de suas próprias declarações e pelos cálculos políticos e eleitorais do presidente. Para Bolsonaro, perdê-lo agora seria desastroso para a continuidade de seu governo.

Enquanto isso, Guedes acha que tem perdido dinheiro por ter se afastado dos seus negócios e que tem sido criticado por tudo o que faz ou fala.