24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Cadê o verde e amarelo, meu povo? Cansamos do circo?

Por Wagner Melo, jornalista

Falta menos de um mês para a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Rússia – o primeiro jogo é dia 17 de junho, às 15h, contra a Suíça, em Rostov – e não se vê tantas bandeiras em veículos e sacadas de imóveis, nas vestimentas das pessoas. Então, é de se perguntar:

Cadê o verde e amarelo nas ruas?

Será que diante de um país dividido entre coxinhas e mortadelas nem o futebol consegue unir os brasileiros? Nossa moral está abalada pela crise política, econômica, moral e ética, que deixou as pessoas insatisfeitas com o Brasil? Ou será que o povo, finalmente, cansou do circo e tem outras prioridades?

Essa aparente desilusão foi alvo de pesquisa recente do Grupo Paraná Pesquisas, que pode nos dar uma pista. Olhem só: foram ouvidos 2.170 brasileiros, distribuídos em 185 municípios de 26 estados, mais o Distrito Federal, com idades a partir dos 16 anos e 77,7% declararam que a Operação Lava Jato desperta mais interesse do que a Copa do Mundo, que começa dia 14 de junho. Somente 10,6% pensam ao contrário. Surpreenda-se: 14,5% dos entrevistados não sabem onde será o torneio.

As redes sociais e a violência provocada pelo extremismo também podem estar contribuindo para esse distanciamento entre as pessoas. “Ao afastar as pessoas umas das outras, afastaram também as pessoas dos espaços geográficos onde se encontravam. Aqui falo da confraternização física, direta. Além disso, as ruas, praças e becos do país ficaram muito violentos. Qualquer grande grupo que se reúne hoje tem chance de descambar para o confronto. Isso faz com que as pessoas se escondam no mundo virtual”, disse, ao UOL Esportes, o sociólogo do Futebol, Mauricio Murad.

No comércio de Maceió, a Aliança Comercial espera que itens nas cores da bandeira do Brasil vendam 20% a mais do que o mês de junho do ano passado. Mas a expectativa de aumento é óbvia, já que não teve Copa do Mundo em 2017.

Em meio ao clima morno, há os otimistas, que acreditam que a paixão pelo futebol falará mais alto e, quando a bola começar a rolar, a empolgação seja retomada e a população esqueçerá nossas mazelas, temporariamente. Se o esquadrão de Tite apresentar um futebol convincente, pode até ser que isso ocorra.

Porém, no país que atravessa um período marcado pelas incertezas, em quase todos os campos, é prudente esperar. Ao que parece, nesse cenário, somente aquele velhinho, conhecido pelo nome de “tempo”, pode nos responder.