Ironia é a palavra certa para esta situação: o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), criticou no Twitter as ações da investigação aberta pelo STF para investigar supostos ataques contra os ministros do tribunal.
O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito, expediu mandados de busca e apreensão e teria determinado o bloqueio de contas em redes sociais de dois alvos da investigação, sendo um deles um advogado em Alagoas. O inquérito corre sob segredo de Justiça e foi uma ação de ditadora para Carlos.
Estamos vivendo em uma ditadura? “Ódio” é uma palavra muito rasa para permitir que “estuprem” quem não concorda com alguma decisão do STF! É inadmissível e inacreditável o que ocorre no Brasil! https://t.co/DXvPx9r697
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 21 de março de 2019
A abertura do inquérito foi anunciada na semana passada pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, com o objetivo de investigar a existência de fake news (notícias falsas), ameaças e afirmações caluniosas e difamantes que atingem “a honra e a segurança” dos ministros da corte e de seus familiares.
A iniciativa é uma resposta a postagens e mensagens ofensivas dirigidas ao Supremo por setores da sociedade, em parte incitadas por congressistas e procuradores da operação Lava Jato.
Ministros são acusados de favorecerem a impunidade, quando não de corrupção. Entre os alvos da apuração pela onda de virulência ao STF estão Deltan Dallagnol e Diogo Castor, da força-tarefa do Ministério Público da Lava Jato.
Advogado se defende
O advogado Adriano Argolo foi um dos alvos da ação de busca e apreensão da PF e teve a casa revirada pela equipe que investiga ameaças feitas a ministros do STF. Ele alegou que teve a conta clonada e negou as suspeitas.
“Eu faço críticas pontuais e políticas a posicionamentos de alguns ministros, mas nunca ameacei fisicamente o STF, como eles me mostraram algumas postagens”. Adriano Argolo, advogado.
O advogado tem 34 mil postagens e 26,8 mil seguidores no Twitter. Diariamente posta notícias, opiniões e críticas a figuras públicas e veículos de comunicação.
“Eu nunca postei nada ameaçador a nenhum ministro do STF. A postagem diz que foi no dia 14 de novembro e não aparece o ano. Mas sempre aparece o ano, por isso é uma postagem absolutamente clonada, falsa, com relação a minha pessoa. Eu vou abrir a minha conta do Twitter e mostrar que no dia 14 de novembro, seja qual for o ano, nunca postei dizendo que ia dar um tiro nas costas do ministro Dias Toffoli”. Adriano Argolo.
Argolo diz que suas postagens “incomodam” pessoas e que usa sua conta para se posicionar sobre assuntos relevantes do país.