28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Carlos Bolsonaro enfurece Maia, que abandona articulação da Previdência

Deputado está irritado com os ataques nas redes sociais por filhos e aliados do presidente

O Estado de S.Paulo afirma que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixará a articulação política pela reforma da Previdência. Maia tomou a decisão após ler mais um post do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), com fortes críticas a ele e já avisou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que pra ele chega.

O deputado está irritado e em conversa com Guedes não escondeu seu descontentamento com os ataques nas redes sociais por filhos e aliados de Bolsonaro. Sua conclusão é de que o governo não precisa de sua ajuda.

“Eu sou a boa política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou fora. Eu estou aqui para ajudar, mas o governo não quer ajuda”. Rodrigo Maia (DEM-RJ), em conversa com Paulo Guedes.

Maia já se incomodava com a falta de articulação do Palácio do Planalto e com a tentativa do ministro da Justiça, Sergio Moro, de ganhar mais protagonismo na tramitação do pacote anticrime.

Carlos Bolsonaro criticou o fato de Maia não priorizar o projeto que prevê medidas para combater o crime organizado e a corrupção, quando este enquadrou o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o enquadrou publicamente. No Instagram, o filho do presidente foi além e lançou uma dúvida: “Por que o presidente da Câmara está tão nervoso?”.

 

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Por que o Presidente da Câmara anda tão nervoso?

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A ligação do presidente da Câmara para o titular da Economia foi presenciada por líderes de partidos do Centrão. É preciso levar em conta ainda que deputados e senadores do PSL, partido de Bolsonaro, comemoraram a prisão do ex-presidente Michel Temer, que é do MDB, e houve quem associasse o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo.

Maia disse não entender esses movimentos, que só afastam possíveis aliados do MDB e do PSDB. Guedes foi um dos bombeiros que procurou acalmar Maia. Seus amigos também estão aconselhando ele a recuar da decisão de deixar a articulação pela reforma, da qual é o fiador na Câmara.

Bolsonaro foi, mais uma vez, aconselhado a conter seu filho para evitar uma crise em um momento no qual o governo precisa de votos para aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria, consideradas fundamentais para o ajuste das contas públicas. Um interlocutor de Maia já havia dito a Bolsonaro que ou ele dava “um basta” na guerra promovida nas redes sociais ou a situação ficaria complicada para o governo.

Nos bastidores, o presidente da Câmara avalia que é o próprio Bolsonaro quem alimenta essas manifestações. Para Maia, ao não condenar a ofensiva de ódio na internet, Bolsonaro está desprezando o seu trabalho de articulador político para angariar votos favoráveis à reforma.

Carlos, entretanto, desconversa. Em seu Twitter o vereador do Rio de Janeiro posta sobre a importância da reforma da Previdência, ao mesmo tempo que, de forma irônica, diminui sua importância no cenário político.