26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

A hipocrisia da deputada eleita com discurso de “escola sem partido”

Campagnolo (PSL-SC) pediu nas redes sociais aos estudantes catarinenses que denunciem professores que façam “queixas político-partidárias”

Neste domingo (28), a professora recém-eleita deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) pediu nas redes sociais aos estudantes catarinenses que denunciem professores que façam “queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente Jair Bolsonaro”.

Ela se diz contra a doutrinação partidária e ideológica por parte de docentes e venceu levantando a bandeira da “Escola Sem Partido”. Professores e profissionais da educação reagiram à postagem da deputada. Disseram que a medida é “um ataque à liberdade de ensinar” e caracteriza assédio e ameaça aos educadores.

O Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), que pretende entrar com uma representação contra Campagnolo. O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) disse que vai investigar a conduta da parlamentar, para apurar possível violação ao direito à educação e adotar as medidas cabíveis.

Curiosamente, posou para foto com aluno em sala de aula vestindo camisa nas cores da bandeira nacional e rosto do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). As fotos foram postadas por Campagnolo no Instagram em 10 de novembro de 2017. Na rede social, a professora diz que a direita não precisou “do jogo sujo doutrinador da esquerda para levantar”. Em tempo: ela tem um apartamento financiado pelo Minha Casa, Minha Vida.

Nesta quarta-feira 31, por exemplo, será retomada a discussão e possível de votação do polêmico Projeto de Lei 7180/2014, que institui a chamada “escola sem partido”.

Gemidão do Zap

Para rebater a proposta da deputada estadual eleita, um perfil propôs doar R$ 5 mil à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) caso 100 “gemidões” fossem enviados para o número criado pela parlamentar para realizar as denúncias. A campanha fez sucesso.

Nas caixas de mensagens, internautas aparentemente “denunciam” os professores e acrescentam “a prova do crime”. “Olha o áudio do meu professor humilhando um colega de classe que declarou voto no Bolsonaro”, enviou uma usuária pelo WhatsApp, seguido do áudio constrangedor. Em uma hora, a campanha já tinha ultrapassado a marca das 100 mensagens enviadas.