18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Considerado chama a avó de comunista e falta à festa do pastor

Nildinha promete revolução civil se mexerem com Paulo Jacinto e Pindoba

Convidado para uma festa de arromba em uma fazenda do amigo Pastor, em Joaquim Gomes, Considerado desistiu por antecipação. Sentiu que a avó, dona Nildinha, anda meio chateada, após o rompimento do namoro com Zé Fumacê. Preferiu dar apoio moral a ela.

Considerado é meio desajeitado, mas, ao mesmo tempo, zeloso com a sua provedora. Sabia que desistir da festa era um sacrifício, pois iriam todos os amigos. Entre 15 e 20. Por isso, contrataram um ônibus, que logo foi batizado de Transcorno.

Houve lista de chamada. Coleguinha, presente; Caturité, presente; Bill Arapiraca, presente; Batoré, faltou; Branca de Neve, presente; Lula Manguito, faltou; Purê Azedo, faltou; Portuga, presente; Oio de Jeep, presente; Doguinho Pequinês, presente; Considerado, faltou; Pequeno Pônei, faltou; Magistrados A e B, presentes; Delegado, presente; Padrasto do Babá, presente; Braço de Pistola, presente; Procurador Vivi, presente; Rui Caceteiro, presente; Tonelada, presente; Fumacê, presente; Gabiru, presente; Cordeirão zambumbeiro, presente, Braga Fogueteiro, presente… Houve até um minuto de silêncio em homenagem a Doquinha de seu Graça, que já se foi.

Três lideranças assumiram o controle da viagem pela Transorno. Davan Tonelada, Caturité e “Oio de Jeep”. Um para cuidar das bebidas, outro para controlar as paradas de ida e volta e outro para a disciplina do grupo e arrecadação.

Considerado estava animado pensando na fartura na fazenda, que ele desconfia ser terra indígena grilada. Mas, decidiu que não iria. Ficou pensando na saúde da Nildinha.

Coincidentemente, a idosa mora na casa 58 da antiga rua da Aroeira, próximo ao Salgadinho. Por isso mesmo já estava pra lá de chateada com a gozação de conhecidos: -Eita, a senhora mora na casa 58, né? Nunca deixou barato as provocações: -Pois é. Lá já entrou coronel da PM, para beber um vinho comigo, mas nunca miliciano criminoso!

Nildinha sempre gostou de um homem fardado, mas relação com miliciano, ela costuma dizer que deixa para a politicagem carioca, em condomínios de luxo.

Mas, além de abalada com a falta dos embalos de sexta-feira à noite no bar do Carvão, com Zé Fumacê, ela também pegou um ar de tormenta com a história que saiu na televisão, sobre a extinção de municípios brasileiros com até 5 mil habitantes. A proposta feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, foi apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela reagiu ao ver o neto chegar em casa.

-Só podia ser esse bozo…

-Que houve minha avó?

-Essa história que querem acabar com os municípios…

-Não estou acompanhando.

-Você só sabe as coisas quando o Batoré lhe conta.

-É verdade. Ele é meu amigo da Globo.

-E você não ia para uma festa?

-A festa do Pastor pode ter problema. Ou com os evangélicos ou com os índios.

-Por quê isso?

-Os evangélicos querem aumentar o dízimo sobre os porcos que o pastor vende. E os índios querem as terras de volta.

-Meu Deus. Você fez bem em não ir.

-Mas por que essa sua neura com esse negócios de municípios?

– Por que eles estão mexendo em casa de marimbondo.

-E daí?

-Imagine se resolvem mexer com a minha terra do baile da chita, ou com a minha Pindoba?

-Suas terras de quê?

-Vivi momentos inesquecíveis nas duas. E agora querem acabar minhas memórias?

-E se acabarem o que é que tem?

-Aí o bozo se prepare que eu serei uma capitã de verdade…

-Minha nossa senhora, vai fazer o quê dona Nildinha?

-A revolução civil que o capitão Marighella não conseguiu.

-Vá dormir dona assanhada que o tempo não está bom para comunista não!

-Agora é que está: Lula livre!

 

 

 

 

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