Considerado decidiu não cair na folia neste carnaval. Para não perder o costume foi para a casa da avó Nildinha, por que lá tem tudo à mão. Desde a cerveja gelada ao caldinho de mocotó, que ele insiste em dizer que é “diet”.
Surpreendeu-se, no entanto, na segunda-feira, 12, com umas insistentes batidas na porta da casa. Foi atender e deu de cara com Batoré, o amigo de todas as horas.
O cara estava desolado. Era a depressão personalizada. Considerado assustou-se ao ver o amigo naquele estado. Que teria acontecido? Mandou-o entrar, sentar-se e lhe ofereceu um copo da cerveja que estava bebendo. Estranhou ainda mais quando o viu a recusa inusitada do parceiro.
-O que houve amigo “Ba”? Fez-se silêncio. Batoré não estava afim de conversar. Queria apenas um lugar para ficar e espantar a tristeza.
Considerado voltou a perguntar o que estava pegando. Precisava saber por que o parceiro estava naquele estado de fossa? O amigo admitiu que estava com um problema, mas não estava para falação.
Foi aí que dona Nildinha apareceu para saber o que passava em sua casa. Batoré não teve alternativa e, com os olhos marejados, falou de uma briga que teve com o Padrasto, Dr. Duarte.
-Briga em família é natural meu filho.
-Eu sei que é dona Nildinha, mas eu não esperava por essa.
-E o que aconteceu de fato?
-Não, é que “Papi” me botou para fora de casa.
Dona Nildinha olhou para o sobrinho, abriu os braços e determinou: -Olhe resolva isso que esse seu amigo está muito sensível.
Considerado logo se arretou:
-Que porra de Papi é essa Batoré?
-Ele é meu padrasto, mas eu o trato carinhosamente.
-Pare com essa frescura e desembuche logo!
Ele contou que a razão da briga estava em um negócio de família que tomava conta e um funcionário estava querendo mandar em seu lugar. Por isso criou uma confusão de tal ordem que a família se dividiu.
–Eu gerenciava tudo e agora esse cara convenceu minha irmã, sócia majoritária, que ele era melhor no comando.
-E daí se o negócio também é seu?
-Mas meu padrasto também ficou do lado do cara.
-Então você anda fazendo alguma coisa errada com aquele dinheiro do Pronatec.
-Uma porra!
-O cara não ia lhe expulsar sem razão.
– Foi quando eu disse a mamãe que ele estava com uma galega no bloco “Rola Cansada” na Barra de São Miguel, enquanto ela ficava em casa.
-E não tinha um bloquinho melhor para seu Duarte não?
-Não. Por que aquilo é um rola cansada mesmo.
-Mas sua mãe não acha…
-Pelo visto, nem minha mãe, nem minha irmã…
-Ele pega ela também?
-Ele pega a sua avó, Filho da puta!