A epidemia de coronavírus na China e seus efeitos sobre a economia global devem contribuir para a desaceleração da atividade no Brasil no primeiro trimestre de 2020, o que tem levado economistas a rever para baixo as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto).
Uma desaceleração adicional também reforçou a percepção de que o Banco Central do Brasil deverá promover um novo corte na taxa básica de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) marcada para esta quarta-feira (5), de 4,50% para 4,25% ao ano.
Desde o ano passado, já era esperado um desempenho mais morno da economia brasileira no começo de 2020, por conta de fatores como o fim dos efeitos da liberação do FGTS sobre o consumo.
A intensidade da desaceleração dependeria, principalmente, do ritmo de crescimento do final de 2019 e do comportamento da economia mundial.
Os dados divulgados sobre o comportamento da economia brasileira nos meses de novembro e dezembro reforçaram a percepção de um quarto trimestre com ritmo próximo ao verificado nos três meses anteriores, na contramão de projeções mais otimistas.
O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou em dois eventos no mês passado que algumas projeções do mercado não estavam contemplando uma desaceleração já esperada da indústria e um efeito menor do FGTS sobre o consumo.
Números
O Itaú projeta crescimento para o Brasil de 2,2% para 2020, perto dos 2,3% da pesquisa Focus do BC. O banco suíço UBS, em relatório divulgado nesta terça (4), reviu a projeção de crescimento da China de 6% para 5,4%. Para o Brasil, a expectativa de expansão para 2020 foi revista de 2,5% para 2,1%.
A instituição também espera mais dois cortes na taxa básica de juros, para 4,25% nesta quarta e 4% na reunião do Copom de março. Luis Otavio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, mantém a previsão de alta do PIB brasileiro para este ano em 2,5%, mas mudou o viés de alta para de baixa.