Países do mundo todo estão trabalhando para “achatar a curva” da pandemia de coronavírus. O achatamento da curva envolve a redução do número de novos casos COVID-19 de um dia para o outro. Isso ajuda a evitar que os sistemas de saúde fiquem sobrecarregados.
Quando um país tem menos casos novos de COVID-19 emergindo hoje do que em um dia anterior, isso é um sinal de que o país está achatando a curva. Para isso acontecer, deve-se fazer o óbvio: praticar o distanciamento social e, em último caso, o lockdown.
Com menos interação e contato entre as pessoas, menores as chances do vírus se espalhar.
Não no Brasil
Infelizmente, em uma evidente sabotagem (e torcida contra) às medidas recomendadas pela OMS, o governo Federal foi na contra-mão de governos e prefeituras do Brasil (e praticamente do resto do mundo) ao se preocupar quase que exclusivamente com a economia. E isso resultou em um avanço preocupante no número de casos no Brasil.
Com cidades do interior com números insuficientes (ou mesmo inexistentes) de UTIs, em breve deve haver uma corrida para as Capitais ou centros urbanos com melhores redes hospitalares. E ainda assim as vagas não serão suficiente para todos. Atualmente, há locais em que já houve o colapso. E o Comitê Científico do Consórcio Nordeste recomenda lockdown quando 80% das vagas estiverem ocupadas.
E isso tem tudo para acontecer nos próximos dias no Brasil.
Por duas vezes, o Ministério da Saúde já registrou mais de 700 mortes diárias e as previsões indicam que o total de mortos, hoje em mais de 11 mil, segundo o mais recente balanço, devem dobrar em 20 dias. Exatamente como havia previsto o ex-ministro Mandetta, quando este disse que o pico aconteceria nos meses de maio e junho.
Ele fora demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, que além de contrário à medidas da OMS (ele chegou até a atacar a Organização), fez defesa enfática de medicamentos que acabaram não tendo eficácia alguma. Ou seriam até mais perigosos, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.
Confira a seguir uma análise que usa uma média móvel de 5 dias para visualizar o número de novos casos COVID-19 e calcular a taxa de alteração. Isso é calculado para cada dia, calculando a média dos valores desse dia, nos dois dias anteriores e nos próximos dias.
Os dados a seguir são recentes, atualizados ainda ontem (10/). E mostram que o Brasil falhou em achatar a curva. Pois falhou em aplicar o distanciamento social. Isso sem levar em conta possível subnotificação.
Cada linha vertical indica os novos números de casos confirmados: