A crise continua. O líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) para tentar apaziguar os ânimos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas nada foi contornado. E Bolsonaro além de não voltar atrás, resolveu não pisar no freio.
A mensagem do major Vitor Hugo é de que o presidente está convicto de suas atitudes. Em grupos de Whatsapp, a bancada do PSL foi orientada a “não negociar” e insistiu nas criticas à velha política, acirrando a tensão entre poderes.
“Nosso presidente está certo e também convicto de suas atitudes. Estive com ele hoje pela manhã (domingo, 24). As práticas do passado não nos levaram ao caminho em que queremos estar. Todos nós, em particular do PSL, somos agentes para ajudar a mudar a situação em que nos encontramos. Todos que nos elegemos nessa legislatura (passamos, pois, pelo crivo das urnas e da população que não aguenta mais…), eleitos e reeleitos, temos a possibilidade de escolher de que lado estar… somos todos a nova política. Não dá mais…”. Líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO).
Em outras postagens ele fez referência a supostas negociações de cargos nos governos Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT) em troca do apoio do Congresso. Uma, de 2017, tem link para uma matéria com o título “Para aprovar mudanças na Previdência, Temer autoriza Maia a negociar cargos”.
A segunda é uma charge que ironiza o diálogo do governo Dilma com o Congresso. Na imagem, a ex-presidente leva ao Congresso um pacote de cargos para garantir as conversas.
Maia
Parte da troca de mensagens já chegou ao presidente da Câmara e está circulando entre os principais líderes partidários. Elas foram recebidas como “agressões” do líder do governo à política.
A avaliação é de que Bolsonaro não está disposto a mudar sua relação com deputados em senadores, embora Vitor Hugo tenha saído do encontro com o presidente falando em aproximação do governo com o Congresso.
O presidente da Câmara deixou a articulação política pela reforma da Previdência. Maia tomou a decisão após ler mais um post do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), com fortes críticas a ele. E afirmou que a gestão bolsonarista é um “deserto de ideias”.
Quando questionado pela Folha sobre os ataques a Maia, o líder do governo desconversou, como é praxe de quem ataca nas redes sociais: quando é pra valer, no olho no olho, não assumem o que falam:
“Eu não fiz crítica alguma ao Rodrigo. O que eu fiz foi o seguinte: eu reforcei a posição do presidente da República, a disposição dele de trabalhar de uma maneira diferente”. Major Vitor Hugo