29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
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De Janot a Coaracy: os dramas do poder nos gabinetes atapetados

O promotor Coaracy Fonseca atacou os poderes; O procurador Janot quis matar o ministro

Janot e Coaracy: as distintas crises no âmbito do poder

A revelação feita pelo ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de que entrou armado no Supremo Tribunal Federal para matar o ministro Gilmar Mendes estarreceu muita gente, é verdade. Mas, não é um fato incomum ao mundo dos palácios e dos poderosos.

A paixão pelo poder, que muitos têm na vida, contamina e transforma personalidades, levando-as inclusive a bipolaridade.

Publicamente, grande parte dessa gente se apresenta dócil para a grande plateia. Nos atapetados gabinetes, tiranos, mistos de reis e soberanos, acima de qualquer lei.

Isso em qualquer instância de poder.

Que o diga o promotor público e ex-Procurador Geral de Justiça de Alagoas, Coaracy da Mata Fonseca, punido pelo colégio de procuradores do Ministério Público alagoano por declarações duras contra a estrutura de poder na terra alagoana.

Em vídeos ele atacou o governo do Estado, o Tribunal de Justiça e o próprio Ministério Público com críticas genéricas e foi acusado de desrespeitar “padrões de comportamento”. Daí, a punição de 60 dias sem o exercício das funções no MPE.

No Brasil de hoje, com toda estrutura judiciária do País e dos Estados partidarizada e envolvida em uma guerra política explícita, “padrões de comportamento” remete ao exercício pleno da ambiguidade.

Tudo, enfim, conduz à disputa de poder. Nesse meio o que menos existe é o dever republicano, o verdadeiro respeito ao interesse público.

O poder inebria e quem o tem resiste em largá-lo. Se pudesse o carregava sempre como uma tatuagem.

Janot quis matar o ministro. Se “a mão do bom senso” não o tivesse alertado o feito seria trágico. Ele próprio disse que se suicidaria depois.

É a velha história: Por que será que Caim matou Abel? Ou por que será que Stalin mandou assassinar Trotski?

É raro e muito raro alguém abdicar do ego em prol do bem comum ou do amor fraternal.

Mas, se Freud não explicar tudo isso, a Cega Dedé, terapeuta da beira do rio de Paulo Jacinto, o fará com toda certeza.