23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Blog

Demissão de delegado da PF é símbolo do aparelhamento do governo

Caso Queiroz denota exatamente como as coisas estão funcionando na órbita do poder.

O emblemático Caso Queiroz derrubou superintendente da PF do Rio de Janeiro.

Os teóricos da direita se esmeraram na reverberação às criticas contra o aparelhamento do Estado por parte dos setores da esquerda, notadamente o PT, durante os governo de Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Agora, o novo governo, não faz outra coisa diferente. Com um detalhe mais exacerbado. O patrulhamento ideológico é explícito e recorrente a todos os que são indicados para cargos na esfera do governo federal.

Mas, mais que isso, é ainda a necessidade que tem o presidente da República Jair Bolsonaro e seus ministros de perseguir quem pensa em política de Estado e não apenas de governo.

O caso da demissão do Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Ricardo Saadi,  denota exatamente como as coisas estão funcionando na órbita do poder.

Saadi  foi quem autorizou a investigação do Caso Queiroz, pela Federal, após a operação abafa protagonizada pela polícia civil carioca, em grande parte comprometida com as ações criminosas dos milicianos, cujos líderes e a maioria dos integrantes são militares e ex-militares que atuam no crime organizado do Rio de Janeiro.

O caso Queiroz é emblemático para Bolsonaro por que envolve diretamente o filho dele, o senador Flávio Bolsonaro, acusado de ter usado uma rede de “laranjas” para desviar recursos da Assembleia Legislativa do Estado de lá. O operador do esquema era o amigo pessoal do próprio Jair Bolsonaro, Fabrício Queiroz.

Uma vez flagrado o esquema de corrupção envolvendo o filho do presidente e até a primeira dama Michelle Bolsonaro, que recebeu R$ 24 mil das mãos  de Queiroz (dinheiro oriundo dos cofres do Legislativo carioca), a primeira medida tomada pela família presidencial foi dar sumiço a Queiroz, para que este não tivesse que depor no Ministério Público.

Por tudo isso, o superintende da PF no Rio não foi perdoado. Bolsonaro disse que quem manda é ele. Pelo jeito até nas investigações da PF, que antes era uma instituição com autonomia. Talvez, em nome disso alguns delegados, contra a ingerência indevida, estão ameaçando pedir demissão. Lógico que não o farão. É só gritaria.

O aparelhamento também já se evidencia no Ministério Público Federal, uma instituição que, à luz da constituição, é defensora dos interesses da sociedade. Mas, a escolha do próximo Procurador Geral da República (PGR) não se dará a partir da lista tríplice dos mais votados pela própria corporação. O presidente já avisou que vai nomear um que estiver alinhado com as suas “ideias”.

O pior é que não falta membro do “parquet” se oferecendo para ser o cara.

Em síntese, no poder, está claro, não há santos nem anjos.

Há meros interesses.