19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Depois da conta de Michele, Queiroz deposita na conta de Fernanda, mulher de Flávio

Senador diz que desconhece depósitos na conta da esposa

Queiroz fez depósitos nas contas da Michele e Fernanda Bolsonaro, segundo o MP

Réu confesso é coisa rara em qualquer processo. E em crimes de corrupção é praticamente um óvni.

Imagine que Fabrício Queiroz, enquanto assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, depositou 21 cheques na conta da mulher do então deputado federal Jair Bolsonaro. É o que está no relatório processual do Ministério Público, conforme noticiário nacional.

O dinheiro saiu exatamente dos cofres públicos, com origem nos cofres da Assembleia e que passou pelo processo de rachadinha no gabinete de Flávio, administrado pelo prestativo Queiroz, amigo da família toda.

Nesse conluio financeiro se beneficiaram a mulher e as filhas de Queiroz, além da própria primeira dama do País, Michele Bolsonaro, que recebeu R$ 89 mil depositados em 21 cheques.

Sobre isso faz-se um silêncio sepulcral no Palácio do Planalto e entre os aliados do presidente que, antes, vociferavam sobre casos de corrupção no País.

Mas, não é só. Em agosto de 2011, segundo o inquérito, Queiroz também fez depósitos na conta da mulher de Flávio Bolsonaro, a senhora Fernanda Bolsonaro.

Não parou por aí. Em dezembro do ano passado, uma operação do MP atingiu nove parentes de Ana Cristina, ex-mulher de Jair Bolsonaro, que estiveram lotados no gabinete do então deputado estadual Flávio e foram beneficiados com o processo de rachadinha. Cada um com o seu quinhão, segundo os dados.

Flávio, hoje senador da República, comprou franquia de loja de chocolate, apartamentos e salas de escritórios no Rio de Janeiro, estas últimas, segundo o MP, com dinheiro vivo, fugindo assim das regras básicas de rastreamento da origem dos recursos.

Contudo, em depoimento no próprio Ministério Público, o senador disse que desconhece o depósito na conta de sua esposa ou de qualquer outro parente dele.

Os dados expostos só foram revelados após a quebra do sigilo fiscal e bancário do senador e do próprio Queiroz, ambos processados no inquérito da rachadinha da Alerj.

O fato é que a família presidencial, embrulhada no dinheiro público da Alerj, tenta esconder de todas as formas o caso de corrupção. Seguem então as investigações dos representantes do Ministério Público.

Seguem também e, paralelamente, as tentativas jurídicas do senador Flávio Bolsonaro de arquivar o processo na justiça. Afinal, essa história não cheira bem e coloca por terra um discurso de que “o honesto sou eu e os outros é que são corruptos”.

O Ministério Público tem dito que há algo de podre no reino. E não é o reino da Dinamarca.