Quando um gestor público decide descumprir uma decisão judicial – seja ele quem for em qualquer canto do País – comete crime de responsabilidade.
No Brasil hoje, há um rito de ignorância e estupidez tamanha que as pessoas sonham e estimulam a desobediência à Constituição, carta magna da República, e as decisões judiciais.
E o fazem com o argumento de que estão agindo como “patriotas”. Muitos sem noção do que seja de fato o patriotismo.
Mas, essa é a nova onda da sociedade atual, com ou sem pandemia. Aonde tudo isso vai parar, só o tempo vai nos dizer a todos e de que forma.
As pessoas andam no grau de insensatez tão elevado que estão criando as próprias regras de obediência às normas constitucionais.
O sujeito pega uma arma nas mãos, se exibe nas redes sociais, induzido por aberrantes notícias falsas, e berra aos ouvidos de quem quiser ouvir: – Eu sou um patriota!
Na verdade é um patriota às avessas. Em qualquer lugar do mundo, o patriotismo não se restringe apenas a símbolos e o orgulho de ser de um determinado lugar. Mas, também pelo respeito e amor a cultura, as riquezas nacionais, o meio ambiente e o bem estar da coletividade.
O patriotismo brasileiro é outra coisa. Segue um roteiro diferenciado: é o carro, é a fazenda, é o cavalo é o boi e o que vem depois.
Normalmente não gosta do carnaval, nem do cinema nacional. Odeia a cultura brasileira e ama tudo que é produzido lá fora, de preferência pelos norte americanos.
Nessa concepção, ai de quem não concordar com ele: é comunista.
Exatamente em nome desse patriotismo turvo vem a gritaria contra tudo e todos e, inclusive, as leis vigentes no País. Quem não segue a cartilha é considerado traidor da pátria.
Em suma, isso não tem nada de patriotismo. É apenas a ignorância alimentando a própria estupidez.
Aliás, Ulysses Guimarães, um dos grandes nomes da redemocratização do País, disse certa vez que “traidor da Constituição é traidor pátria”.
Ou seja, para bom entendedor, meia palavra basta.