25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Dólar dispara e Governo vê PIB afetado pelo Covid-19 e tensão com Congresso

Moeda americana atingiu pela primeira vez o nível de R$ 4,44 e dependendo de reformas, Governo não colabora

A equipe econômica teme que as tensões entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso Nacional possam afetar o ritmo de avanço das reformas.

Além disso, no mesmo momento o coronavírus chega ao Brasil. A nova doença eleva as preocupações sobre possíveis impactos na economia do país.

Até o momento, o Brasil tem 20 casos suspeitos do novo coronavírus —ao menos 12 deles são pessoas que vieram da Itália, que viu o número de contaminações pelo SARS-CoV-2 disparar nos últimos dias.

O dólar subiu nesta quarta-feira (26), atingindo pela primeira vez o nível de R$ 4,44 e renovando o patamar recorde de fechamento nominal (sem considerar a inflação), na reabertura do mercado de câmbio após o carnaval.

A moeda dos EUA foi negociada a R$ 4,4407, com alta de 1,10%. Na máxima da sessão, chegou a R$ 4,4475, maior cotação nominal intradia já registrada no país.

No exterior, os mercados globais foram fortemente abalados na segunda (24) e na terça (25) em razão do avanço do coronavírus fora da China, com quedas entre 6% e 7% nas principais bolsas.

Contra o Congresso

Como se não fosse o bastante, nesta semana no WhatsApp do presidente, Bolsonaro encaminhou a amigos vídeo que estimula a população a ir às ruas defendê-lo e bater de frente contra o Congresso. E isso gerou reação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Na interpretação da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, atritos como esse têm potencial para atrasar o ritmo de reformas, já que as propostas dependem do empenho dos congressistas.

Guedes tem uma série de medidas, como as PECs (propostas de emenda à Constituição) de ajuste fiscal, as mudanças de regras no serviço público, as alterações no sistema tributário, a agenda de privatizações e a abertura do mercado de saneamento.

Nesse meio tempo, há uma briga entre Executivo e Legislativo, causada pelo embate sobre R$ 30 bilhões do chamado Orçamento impositivo. Congressistas querem ter controle sobre esse montante de recursos.

O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, por exemplo, foi flagrado dizendo que o governo estava sendo chantageado pelo Congresso. E provocou reação de Maia, além de Davi Alcolumbre, presidente do Senado.

A solução apresentada por Guedes, pressionado por Bolsonaro para mostrar avanço na economia, foi avançar com as reformas. Ele defendeu a PEC do Pacto Federativo, que ajusta gastos obrigatórios e abre espaço para outras despesas. Ele, portanto, depende da agenda positiva das reformas.

As medidas estariam blindadas principalmente pelo perfil do Congresso e especificamente de Maia, visto como reformista. Mas entre congressistas a visão é de que a guerra entre os Poderes pode atrasar a agenda econômica. A avaliação é que o ritmo das reformas é, neste governo, dado pelo próprio Congresso.