28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Em depoimento, Lula diz ser o “troféu da Lava Jato”

Na oitiva, ex-presidente disse que estava “constrangido e que seu esforço agora “é tentar desmentir as mentiras contadas a meu respeito”

Terminou no final da tarde desta quarta-feira (14) o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo da Operação Lava Jato sobre o sítio de Atibaia (SP). Lula foi ouvido pela juíza Gabriela Hardt na sede da Justiça Federal no Paraná, em Curitiba, por aproximadamente duas horas e meia.

Hardt substitui Sergio Moro, que entrou de férias desde que aceitou o convite para ser o ministro da Justiça do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Durante o depoimento, Lula negou qualquer relação com as obras no sítio de Atibaia e afirmou que sua prisão seria um “troféu” da Operação Lava Jato.

O ex-presidente não falou da eleição presidencial nem da entrada de Moro para o governo Bolsonaro ao longo do depoimento. A juíza Gabriela Hardt teria conduzido o depoimento de maneira a não deixar que outros assuntos além do processo fossem discutidos.

Porém, Lula teria feito críticas indiretas a Moro, dizendo que o juiz foi “obrigado” a condená-lo no processo do tríplex. Hardt, então, pediu que o ex-presidente respeitasse o magistrado. Na oitiva, Lula disse que estava “constrangido e que seu esforço agora “é tentar desmentir as mentiras contadas a meu respeito”.

Processo

Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente é acusado de ter recebido propina na forma de quase R$ 1 milhão em reformas pagas pela Odebrecht, OAS e pelo pecuarista José Carlos Bumlai na propriedade. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o dinheiro veio do esquema de corrupção na Petrobras.

Quando marcou o interrogatório, o juiz federal Sergio Moro, que era o titular da ação na época, já havia solicitado à Polícia Federal “as providências necessárias para a realização de escolta” dos presos. Desta vez, ele será interrogado pela juíza federal substituta Gabriela Hardt.

Depois de depor nesta quarta (14), no processo do sítio de Atibaia, Lula voltará a ser recolhido e ficará isolado, de quinta (15) a domingo (18), na sala em que cumpre pena na Polícia Federal.

Por causa do feriado, as visitas da família e de amigos, sempre às quintas, foram canceladas. Na sexta, a PF emenda o feriado e fica fechada, nem os advogados podem entrar. Só na segunda (19) ele poderá voltar a receber um de seus defensores.

Reta final

O ex-presidente foi o último dos 13 réus do processo a ser interrogado pela magistrada. Nesta quarta-feira, último dia de audiências, também foi ouvido o pecuarista José Carlos Bumlai.

Com o fim da etapa de interrogatórios dos réus, tanto as defesas quanto a acusação terão prazo para fazer seus últimos pedidos à Justiça dentro do processo na primeira instância. Na sequência, a juíza Gabriela Hardt vai abrir prazo para as alegações finais, última oportunidade que as partes terão para mostrar seus argumentos. Depois disso, a magistrada poderá proferir sua sentença.

Existe a possibilidade de que a juíza substituta já não esteja à frente do processo quando a sentença for apresentada. Isso porque Moro irá pedir exoneração do cargo para assumir o ministério apenas em janeiro. É a partir da exoneração que a Justiça Federal irá iniciar o processo de escolha do substituto ou substituta de Moro como titular da 13ª Vara Federal em Curitiba.

O novo responsável pela Lava Jato em Curitiba deverá ser conhecido ainda no primeiro trimestre de 2019. Se Hard não tiver proferido a sentença até lá, caberá ao novo titular.