29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Empresas usaram agência estrangeira para fazer disparos pró-Bolsonaro no WhatsApp

Empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas compraram software para mandar mensagens em massa a favor do candidato do PSL

Mídias sociais foram utilizadas em peso na campanha de 2018

Os disparos automáticos de mensagens no Whatsapp voltam à tona, após as alegações de que foram utilizadas em peso na campanha presidencial de 2018. Nesta terça (18), a Folha revelou que empresas brasileiras contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL)

A informação é do espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps. Nos áudios, ele diz que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa a favor de Bolsonaro.

Não há indicações de que Bolsonaro ou sua equipe de campanha soubessem que estavam sendo contratados disparos de mensagens a favor do então candidato. Da mesma forma, Novoa disse não saber que seu software estava sendo usado para campanhas políticas no Brasil e só tomou conhecimento quando o WhatsApp cortou, sob a alegação de mau uso, as linhas telefônicas de sua empresa.

“Não comentamos especificamente sobre contas que foram banidas, mas enviamos uma notificação judicial (Cease and Desist) para a empresa Enviawhatsapps”. Assessoria do Whatsapp.

Software faz com que celulares enviem mensagens de WhatsApp em massa

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirmou que não iria comentar. Doação de empresas para campanha eleitoral é proibida no Brasil. Doações não declaradas de pessoas físicas também são ilegais. A empresa de Novoa é especializada no envio automático de mensagens para milhares de números de telefone.

Nas eleições, pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT, no WhatsApp, foram comprados por empresas para uma grande operação na semana anterior ao segundo turno. A denúncia do ano passado, que ligava o nome de Bolsonaro, então candidato, a uma indústria de fake news, fez barulho.

Em janeiro, com salário de cerca de R$ 10,3 mil, Taíse de Almeida Feijó, nomeada para um cargo comissionado, se tornou assessora do gabinete do secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, um dos principais articuladores da campanha. Ela despachava a poucos metros do presidente.