28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Ex-reitor é agredido enquanto fazia campanha por Haddad na Uneal

PT/Maceió repudiou agressão, que, segundo o agressor do ex-reitor, teria acontecido por mando do presidente do PSL/Arapiraca

O professor Clébio Araújo, ex-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), estava na livraria da Instituição, em Arapiraca, quando um homem, sem vínculo com a Uneal, filmou e agrediu um grupo que participava de um ato em prol de um candidato à Presidência, na noite desta quarta-feira (24).

Após a agressão, Clébio e o acusado foram encaminhados para a Central de Polícia, para o registro do Boletim de Ocorrência. No BO, assinado pelo delegago Diego Vilela Costa, o jovem agressor alega ter ido à Uneal com a missão de fotografar as pessoas, a mando do presidente do PSL em Arapiraca, Saulo França

O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em Maceió recebeu, com indignação, a notícia da violência praticada contra o ex-reitor. “Diante disso, não há como compactuar com o discurso de ódio, incitação à violência e o fascismo. Combater ações como essas nas urnas é imprescindível. Não é possível aceitar a intolerância, pois buscamos respeito à democracia e a liberdade de expressão”, diz a nota.

Nota do PT na Íntegra

NOTA DE REPÚDIO A VIOLÊNCIA CONTRA O EX-REITOR DA UNEAL

O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em Maceió recebeu com indignação a notícia da violência praticada contra o ex-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), professor Clébio Araújo, ocorrida na noite desta quarta-feira, 25, na cidade de Arapiraca, quando participa de atividade pró Haddad.

Diante disso, não há como compactuar com o discurso de ódio, incitação à violência e o fascismo. Combater ações como essas nas urnas é imprescindível. Não é possível aceitar a intolerância, pois buscamos respeito à democracia e a liberdade de expressão.

Nos primeiros dias pós-primeiro turno, as consequências do discurso de ódio e da incitação à violência já estão se manifestando, no assassinato do mestre de capoeira na Bahia, em agressões contra pessoas vestindo roupas vermelhas, inclusive mulheres, negros e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, entre outros. Solicitamos a todas as instituições democráticas de Alagoas, ao Ministério Público Estadual e Federal, a Secretaria de Segurança Pública, que investiguem, punam e tomem todas as providências cabíveis para que não haja violação dos direitos constitucionais e, principalmente, intimidação do livre exercício da liberdade de expressão.

Os ataques, verbais e físicos, aos direitos civis e sociais, às mulheres, à população negra, aos índios, aos migrantes, aos refugiados, às pessoas LGBTI+, são ataques à democracia. Não existe país democrático sem diversidade de ideias, modos de vida e culturas. Não há democracia sem igualdade de direitos e oportunidades. Não há democracia sem respeito aos demais cidadãos. Não há democracia quando o ódio ao próximo supera o senso de comunidade e de nação.

Marcelo Nascimento, Presidente do PT em Maceió.

Abruem

Ontem pela manhã, a  Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais, da qual a Universidade Estadual de Alagoas é membro, havia publicado uma nota em defesa da democracia e das universidades públicas no Brasil. Esta, antes mesmo da agressão ocorrida em Arapiraca.

“Sem a democracia restará a barbárie. Sem a garantia de liberdades individuais e o respeito às regras mais elementares de convivência pacífica em sociedade perde-se parte fundamental dos laços que nos trouxeram até aqui como Nação”, diz o texto.

O texto observa uma “Nação brasileira esgarçada por uma disputa eleitoral e a sociedade sendo vitimada pela intolerância e pela repetição de práticas condenáveis em relação ao respeito pelo outro, à convivência tolerante e ao processo de construção democrática da sociedade”.

A Abruem então disserta sobre o papel das instituições contra os ataques às minorias. “O ambiente universitário jamais poderá se tornar palco de intolerâncias e rupturas com os valores essenciais apregoados e defendidos como elos fundamentais de coesão nas sociedades modernas”.

E encerra: “Defendemos e defenderemos o caráter público de nossas Universidades e com o mesmo vigor e a mesma veemência os valores fundamentais da democracia em nosso País!”.

Esclarecimento

O Eassim ouviu  o ex-reitor agredido. Ele confirmou a agressão, mas esclareceu que estava no local de passagem, nem mesmo sabia  que a Reitoria da Uneal e o Sindicato dos Docentes e Técnicos da Uneal tinham convocado um ato público em defesa da democracia para às 19 horas de ontem.

Ainda segundo o ex-reitor Clébio Araújo, ainda que estivesse participando do ato, a universidade é um local público e plural. “Na minha sala de aula, por exemplo, há alunos que vestem camisa de Haddad, outros de Bolsonaro. Isso e democracia e deve ser respeitado”, afirmou.