18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Facebook passa a proibir vídeos ‘deepfakes’

Plataforma vai remover imagens alteradas para distorcer realidade

Deepfake edita o rosto em vídeos e pode servir tanto para o humor, quanto para propagação fake news

O Facebook proibiu a publicação de imagens alteradas de forma fraudulenta para distorcer a realidade e confundir pessoas, conhecidas também pelo termo em inglês deepfakes. Vídeos que forem enquadrados nesta categoria e cumprirem determinados critérios serão removidos da plataforma.

Este tipo de conteúdo é uma intensificação de conteúdos falsos, também chamada de fake news. Contudo, diferentemente de textos enganosos ou montagem de imagens, os vídeos deepfakes podem trazer uma pessoa com um discurso fabricado, dando uma maior sensação equivocada de veracidade para o conteúdo.

Zuckerberg foi alvo

Um vídeo de Mark Zuckerberg surpreendeu o mundo no ano passado. Nele, o todo-poderoso do Facebook admitia que a empresa manipulava as pessoas e vendia os dados delas para grandes corporações. Mas tudo não passava de uma montagem.

Ela foi criada para dar ao CEO da rede social o gostinho amargo sentido por outras vítimas, já que o site recusou tirar do ar um vídeo igualmente falso, que mostrava a deputada Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Estados Unidos, falando como se estivesse bêbada, curtido e compartilhado pelo presidente Donald Trump, adversário político dela.

Agora, seis meses depois, o Facebook se deu conta da gravidade do problema e tomou uma decisão. Às vésperas da eleição presidencial nos EUA, anunciou que passará a excluir mídias manipuladas de sua plataforma, a fim de tentar evitar ser palco de campanhas de desinformação como as que ocorreram em 2016.

Nova Política

A nova política do Facebook prevê a remoção de vídeos em casos em que foram editados ou alterados de forma que não fique claro para um usuário, e possam enganar quem assiste, levando-o a acreditar que um personagem do vídeo disse algo que na verdade não falou.

Também serão vetados vídeos que sejam produtos de sistemas de inteligência artificial ou de aprendizado de máquina que mesclam, substituem ou sobrepõem conteúdo em um vídeo, fazendo parecer que as imagens mostradas são autênticas.

Ficam excluídos das publicações que poderão ser derrubadas aquelas que se configurem como paródia ou sátira, bem como edições voltadas a corrigir aspectos técnicos (como cor ou brilho) ou para mudar a ordem de palavras.

Padrões da Comunidade

Além disso, seguem suscetíveis de retirada pela administração da plataforma os posts que violem as suas normas internas, os chamados “Padrões da Comunidade”. Eles abordam diversos aspectos e proíbem mensagens em diversas categorias, como exibição de violência extrema, discurso de ódio, apologia ao terrorismo e comportamento não autêntico.

Os vídeos que não forem enquadrados nos critérios definidos não serão automaticamente removidos, mas podem ser objeto das medidas destinadas à desinformação. O Facebook não retira esse tipo de publicação, mas elas podem ser verificadas por agências de checagem e identificadas enquanto tal aos usuários por meio de um alerta, além de ter a distribuição reduzida no feed de notícias.

“Se nós simplesmente removêssemos vídeos marcados por checadores de fatos como falsos, os vídeos iriam ainda estar disponíveis em outros lugares na internet ou nas redes sociais. Ao identificá-los como falsos, estamos provendo às pessoas informação e contexto importantes”. Monica Bickert, vice-presidente de Políticas Globais do Facebook.

Portanto, agora, vídeos como montagens de Lula e Bolsonaro em cenas de novela mexicanas serão proibidos. Ao menos no Facebook.