24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Fernández e Kirchner eleitos na Argentina; Bolsonaro “lamenta” e recusa cumprimentos

Bolsonaro chegou a dizer que o Rio Grande do Sul poderia se transformar em “um novo estado de Roraima” se houvesse a vitória da Esquerda

A Argentina foi às urnas neste domingo (27) e elegeu presidente o candidato de oposição, Alberto Fernández, em primeiro turno. Com 95,31% das urnas apuradas, Fernández registrava 47,99% dos votos, contra 40,48% de Mauricio Macri, atual presidente do país. O eleito terá como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, que comandou o país entre 2007 e 2015.

O presidente eleito terá um encontro com Macri nesta segunda (28). Nas primeiras palavras após a vitória, já reconhecida por Macri, Fernández aproveitou para pedir ao atual governo para que, quando passar à oposição, “seja conscientes do que deixou” e “ajude a reconstruir o país das cinzas”.

“Tomara que esse compromisso de diálogo que nunca tiveram passem a ter”. Alberto Fernández, presidente eleito da Argentina.

A vitória da chapa de esquerda era esperada desde as eleições primárias, em 11 de agosto, quando superou a de Macri por 15 pontos percentuais.

Para vencer em primeiro turno na Argentina, basta que o primeiro colocado alcance 45% dos votos, ou 40% se a vantagem para o segundo candidato for de pelo menos 10 pontos percentuais.

Bolsonaro não curtiu

A vitória de Fernández e Kircher contraria a vontade do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), aliado de Macri. Ele já disse que não irá cumprimentar o argentino pela vitória. Bolsonaro também se mostrou incomodado com a imagem publicada ontem por Fernández em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano passado.

“Vamos esperar o tempo para ver qual é a real posição dele na política. Porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo e vamos ver qual linha ele vai adotar. O primeiro ato do Fernández foi ‘Lula livre’, dizendo que está preso injustamente. Já disse a que veio”. Jair Bolsonaro, presidente.

Em agosto, Bolsonaro chegou a dizer que o Rio Grande do Sul poderia se transformar em “um novo estado de Roraima” se houvesse a vitória de Fernández, ligado à esquerda. Roraima faz fronteira com a Venezuela e sofre com o intenso fluxo de imigrantes vindos do país, que sofre com a crise econômica.

Claro, na manhã deste domingo (27), Bolsonaro deu uma entrevista em tom mais conciliador, ao afirmar que pretende “ampliar qualquer comércio com a Argentina”, e que espera que Fernández não se oponha à abertura comercial desejada pelo governo brasileiro.

Economia

O Banco Central da República da Argentina (BCRA) anunciou na noite deste domingo (27/10) uma restrição na compra de dólares mensais. O anúncio vem logo após a vitória da chapa peronista.

Segundo o BCRA, o limite de compra da moeda note-americana para pessoas físicas será de U$200 mensais. O limite anterior para o mesmo perfil de consumidor era de U$10 mil por mês, estipulado no dia 1º de setembro.

Em comunicado, o órgão afirmou que “diante do grau de incerteza atual, o diretório do BCRA decidiu tomar neste domingo uma série de medidas que buscam preservar as reservas do Banco Central. As medidas são temporárias até dezembro de 2019”.