23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Flávio Bolsonaro, Queiroz e suas rachadinhas são alvos do Ministério Público

Foram recolhidos documentos e celulares na casa de alguns dos alvos, entre eles a ex-mulher do presidente Bolsonaro

Flávio Bolsonaro e Queiroz não são mais vistos juntos desde a denúncia

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido), o policial militar aposentado Fabrício Queiroz e outros ex-assessores do filho do presidente Jair Bolsonaro foram alvos nesta quarta-feira (18) de uma operação comandada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Entre os 24 alvos da operação que apura suposta lavagem de dinheiro estão parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, alguns que moram em Resende (RJ).

Foram recolhidos documentos e celulares na casa de alguns dos alvos, mas o Ministério Público não se pronunciou sobre a operação, alegando que o procedimento corre sob sigilo.

Flávio e Queiroz foram pegos envolvidos em um esquema de corrupção

Flagrado pelo Coaf

As buscas e apreensões ocorrem após quase dois anos do início das investigações contra o PM aposentado. A Promotoria fluminense recebeu em janeiro de 2018 relatório do Coaf apontando movimentações atípicas de Queiroz.

Em 2019, após pedido de Flávio, as apurações foram suspensas a partir de julho por liminar do presidente do STF, Dias Toffoli, mas, após decisão do plenário, acabaram retomadas neste mês.

No caso de Flávio, o alvo de busca e apreensão foi a loja de chocolates do senador. Os agentes chegaram por volta das 6h40 ao shopping Via Parque, na Barra da Tijuca (zona oeste), onde fica a franquia da Kopenhagen do senador, e deixaram o local por volta das 10h40.

Flávio é dono de 50% da franquia desde janeiro de 2015. A firma é citada num relatório do Coaf que descreve oito transferências que somam R$ 120 mil dela para o senador entre agosto de 2017 e janeiro de 2018. A empresa também foi alvo de quebra de sigilo bancário e fiscal pela Justiça em abril.

Queiroz é pivô de uma investigação que tem como alvo o próprio senador e outras 101 pessoas físicas e jurídicas, que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados.

A Promotoria suspeita de um esquema conhecido como “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no período em que foi deputado estadual e manteve Queiroz como seu empregado (2007-2018).

A prática consiste em coagir servidores a devolver parte do salário para os deputados. Estão sendo investigados crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.

Outro lado

A defesa de Flávio considerou a busca na empresa uma “invasão”. Já a da família de Queiroz afirmou que recebe a ação “com tranquilidade e, ao mesmo tempo surpresa, pois é absolutamente desnecessária”. “Ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos”, disse o advogado Paulo Klein.

“Ademais, surpreende que o mesmo MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão”, disse o advogado.