16 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Frota será o primeiro a depor na CPMI das Fake News e vai confirmar milicia bolsonarista

Militância virtual e o chamado “gabinete do ódio” são um dos focos da comissão

Nesta quinta-feira (30), na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, criada no Congresso para apurar a produção e disseminação de notícias falsas na internet, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), fará o primeiro depoimento da comissão.

Expulso do PSL em agosto após entrar em rota de colisão contra Jair Bolsonaro (PSL), o parlamentar, agora filiado ao PSDB e crítico ao presidente, já antecipou que pretende confirmar a “milícia digital” bolsonarista.

A militância virtual e o chamado “gabinete do ódio” são um dos focos da comissão e remetem a fatos ocorridos na campanha presidencial do ano passado, quando a equipe de Bolsonaro foi acusada de ter produzido e compartilhado fake news e mensagens de ódio contra o adversário, Fernando Haddad (PT).

As “MAVs”, sigla que tem sido utilizada para designar “milícias para ataques virtuais”, sobretudo nas redes sociais, estão no centro de uma disputa política dentro da CPMI.

Governistas e oposição fazem um duelo de requerimentos e miram personalidades, blogs e páginas de direita e de esquerda. Um acusa o outro e o outro acusa o um. Na última semana, por exemplo, a CPMI aprovou a convocação de vários bolsonaristas, mas também da deputada federal Gleisi Hoffman (PT-PR).

Concentrado nas negociações da reforma da Previdência, o PSL saiu em desvantagem na instalação da comissão, no início de setembro, quando os principais cargos (presidência e relatoria) ficaram com alinhados à oposição. A CPMI tem 64 vagas, sendo 32 senadores (16 titulares e 16 suplentes) e 32 deputados (16 titulares e 16 suplentes)

Deputada Caroline de Toni (PSL-SC), da ala leal ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), protesta durante reunião da CPMI das Fake News

Desde então, a ala bolsonarista tenta obstruir os trabalhos ou “fazer barulho”, segundo definiu um membro ouvido pela reportagem. A troca de farpas é constante e deve ocorrer de forma ainda mais acirrada nos depoimentos de figuras públicas.

Na fila para serem ouvidos estão políticos, por exemplo, como a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), hoje tidos como inimigos do bolsonarismo, mas que eram aliados até pouco tempo atrás. Eles atuaram ativamente durante a campanha eleitoral em 2018. Requerimentos de convite para a dupla já foram aprovados, mas as datas ainda não foram marcadas.

Na fila para serem ouvidos estão políticos, por exemplo, como a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), hoje tidos como inimigos do bolsonarismo, mas que eram aliados até pouco tempo atrás.

Eles atuaram ativamente durante a campanha eleitoral em 2018. Requerimentos de convite para a dupla já foram aprovados, mas as datas ainda não foram marcadas.

Bolsonaristas reagem

A tropa pesselista é liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente conhecido como “03”. O “01”, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), também integra a comissão como membro titular.

Eduardo entrou como suplente da comissão justamente em uma costura estratégica da sigla. Há quase duas semanas, ele foi escolhido para preencher espaço aberto pelo PSD, que abriu mão de uma indicação a que tinha direito. Dessa forma, tornou-se o oitavo integrante do partido, com a missão de organizar a bancada.

O PSL já vinha “fazendo barulho” na comissão e nas redes sociais com os deputados Filipe Barros (PR) e Caroline de Toni (SC), titulares, e Carla Zambelli (SP), suplente.

Partido está rachado e filhos do presidente se afastaram da ala bivarista

O trio era acompanhado por Flávio, porém o “01” é conhecido por ter um estilo menos ruidoso. A chegada de Eduardo supre essa lacuna de liderança. Também fazem parte da CPMI o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (PSL), e um de seus homens de confiança, o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).

A dupla de suplentes, no entanto, compõe a ala ligada ao comandante da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE), oponente da família Bolsonaro na briga dentro do PSL. Ou seja, devem facilitar o jogo da oposição.

Ao menos quatro senadores e cinco deputados de outros partidos devem jogar com o governo. Dois senadores são do MDB: Eduardo Gomes (TO) e Márcio Bittar (AC). O primeiro foi escolhido recentemente líder de Bolsonaro no Congresso, em substituição a Joice Hasselmann, e o segundo é alinhado ideologicamente ao presidente.

A lista tem ainda Chico Rodrigues (DEM-RR) e Roberto Rocha (PSDB-MA). Também estão em situação semelhante os deputados Eder Mauro (PSD-PA), Marco Feliciano (Podemos-SP) e Celso Russomano (Republicanos-SP), titulares; e José Medeiros (Podemos-MT) e Pedro Lupion (DEM-PR), suplentes.