A associação dos funcionários do Banco Mundial (Bird) enviou nesta quarta-feira uma carta ao comitê de ética da instituição contrária à nomeação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para o cargo de diretor-executivo do banco.
A entidade representativa pede que a indicação seja suspensa até que acusações contra o economista brasileiro sejam analisadas pelo comitê.
A associação afirma que “muitos funcionários estão profundamente perturbados” com algumas atitudes do ex-ministro, entre elas o tweet em que culpa a China pela pandemia do novo coronavírus .
A carta também menciona o fato de Weintraub ter sugerido a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de ter feito pronunciamentos públicos contrários aos direitos de minorias e a promoção da equidade racial.
“Pedimos formalmente que o Comitê de Ética analise os fatos por trás das múltiplas alegações, com vista a (a) suspender sua nomeação até que as alegações possam ser analisadas, e (b) assegurar que o Sr. Weintraub seja informado que o tipo de comportamento que ele é acusado é completamente inaceitável nessa instituição”. Trecho de carta da associação de funcionários do Banco Mundial.
Racismo
Os funcionários do banco ressaltam ainda que o Banco Mundial tomou medidas recentes para eliminar o racismo na instituição.
“Isso quer dizer um comprometimento de todos os funcionários e membros da diretoria a denunciar o racismo quando presenciá-lo. Nós acreditamos que o Comitê de Ética compartilha essa visão e fará o possível para cumpri-la”. Trecho da Carta.
Fuga
O subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu que o tribunal investigue a viagem aos Estados Unidos de Weintraub.
Ele pode ter usado uma brecha na regra do país, que proíbe a entrada de brasileiros, por ainda ser funcionário do governo.
A exoneração foi publicada depois de Weintraub ir para os Estados Unidos, mais de 36h após o anúncio da saída dele da pasta.
Nesta terça-feira, o governo retificou o decreto de exoneração, afirmando que ele valia a partir de sexta-feira, e não mais sábado. Ou seja, quando entrou nos Estados Unidos, Weintraub não era mais ministro.
Para Lucas Furtado, “provavelmente houve fraude”, já que é muito difícil que em um assunto tão importante quanto a data da exoneração de um ministro de Estado haja erro, como alegou o governo federal.
Ele frisa, porém, que cabe à Procuradoria-Geral da República apurar eventual crime de responsabilidade do ex-ministro.
Como perdeu a imunidade parlamentar e o foro privilegiado, as denúncias contra Weintraub foram encaminhadas para ajulgamento em primeira instância.