26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Fundeb é aprovado e amplia verba federal na educação básica

Complementação dos atuais 10% para 23% é considerada uma derrota para o Governo

O Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) foi renovado na noite desta terça (21), após aprovação em dois turnos pelos deputados federais na Câmara. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) aprovada prevê mais que o dobro de gastos da União na educação básica, passando a complementação dos atuais 10% para 23%.

A aprovação por esses valores é considerada uma derrota do governo e uma vitória para o setor educacional. A quantia garante ampliação no financiamento para a manutenção do ensino e valorização dos professores, o que foi comemorado por deputados de oposição e também os alinhados ao governo.

“Estamos fazendo hoje história e fazendo o que é melhor para os brasileiros, com muita responsabilidade. Muitos acham que a gente não sabe que aumentar o Fundeb de 10% para 23% nos gera responsabilidade sobre as fontes para o financiamento desses recursos. Nós sabemos. São despesas que, na verdade, são investimentos. Investimento nas nossas crianças e no futuro dos nossos brasileiros”. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara.

Após passar no primeiro turno por 499 votos a favor e 7 contrários, mais 492 votos a favor e 6 contra no segundo turno, a PEC vai ao Senado, onde também precisará ser votada em dois turnos e da aprovação de três quintos dos senadores. Se houver mudanças, volta para a Câmara.

Dos sete deputados que votaram contra o texto, seis são do PSL e aliados do presidente Jair Bolsonaro: Márcio Labre (PSL-RJ), Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP), Júnio Amaral (PSL-MG), Filipe Barros (PSL-PR), Chris Tonietto (PSL-RJ) e Bia Kicis (PSL-DF). Também votou contra o deputado Paulo Martins (PSC-PR).

Alterações

O texto da relatora, deputada Professora Dorinha (DEM-TO), passou por alterações. O governo Jair Bolsonaro tentou desidratar o texto e adiar sua vigência para 2022, mas firmou acordo com parlamentares em troca de apoio para criar o Renda Brasil, projeto de assistência social que pode substituir o Bolsa Família.

Principal mecanismo de financiamento da educação básica, o Fundeb reúne parcelas de impostos e recebe uma complementação da União para estados e respectivos municípios que não atingem o valor mínimo a ser gasto por aluno no ano.

A cada R$ 10 investidos na área, R$ 4 vêm do fundo. O complemento federal atual é de 10%, cerca de R$ 16 bilhões no ano.

O texto aprovado torna o fundo permanente, previsto na Constituição, aumenta o papel da União no financiamento e altera regras de distribuição dos recursos.

Números

A PEC aprovada data de 2015 e, ao longo de 2019, a redação passou por diversas alterações. A previsão de complementação, por exemplo, chegou a ser 40%.

A alta na complementação, para 23%, ocorrerá de forma escalonada até 2026. A progressão começará com 12% em 2021 e passará para 15% em 2022. A partir do ano seguinte, esse recurso cresce dois pontos percentuais a cada ano.

O gasto mínimo por aluno vai chegar em 2026 a R$ 5.508, o que representa um salto de 61% com relação ao gasto atual, de R$ 3.427, segundo cálculo da Consultoria do Orçamento da Câmara. Os dados são referente a 2019.

O número de municípios pobres que receberão recursos extras também vai aumentar, chegando a 2.745 cidades, segundo o Movimento Todos pela Educação. Trata-se de uma alta de 46%, considerando que 1.699 municípios são beneficiados no formato atual.

Segundo a área técnica da Câmara, essa expansão atingirá 17 milhões de alunos. A rede pública soma 35 milhões de matrículas da educação básica.

Em outra derrota do governo, PEC também veta o uso de recursos do fundo para pagamento de aposentadorias. A PEC ainda manteve o chamado CAQ (Custo Aluno-Qualidade) como referência de padrão mínimo de qualidade.