Em entrevista à Época, o governador Flávio Dino, do Maranhão, afirmou que vai adotar providências junto à Procuradoria Geral da República, contra o presidente Jair Bolsonaro, caso ele não se explique sobre as declarações pejorativas e discriminatórias feitas durante café da manhã com jornalistas, no último dia 19.
Sem saber que o microfone estava aberto, Bolsonaro dirigiu-e ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que estava sentado ao seu lado, com o seguinte comentário: “Dos governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara”.
Além da declaração excludente no que diz respeito à relação do governo federal com o governo do Maranhão, a referência à região Nordeste como “paraíba”, é considerada pejorativa, podendo se enquadrar como racismo ou xenofobia.
“É uma declaração criminosa. Configura um crime, previsto na lei que trata de racismo. Ele não pode falar assim. O presidente da República, ao dizer algo desse tipo, está praticando e incentivando que outros pratiquem o crime de racismo”, afirmou o governador do Maranhão.
De acordo com Dino, a declaração de Bolsonaro se enquadra, também, como ameaça, já que ele deu uma ordem a um subordinado (Onyx Lorenzoni), cuja leitura soa como: não tem que dá nada a esse governador. “Realmente é uma coisa grave. É inédito. Mesmo na ditadura, o (presidente João Figueiredo) mantinha uma relação com vários governadores da oposição, como Franco Motoro, Leonel Brizola”, explica.
Além disso, o governador do Maranhão afirmou que o presidente tomou poucas iniciativas com relação à região nordeste do país e diz que não aceitarão desrespeito por parte do presidente. “Temos opiniões diferentes, mas exigimos respeito. Não vamos aceitar desrespeito, agressividade, beligerância com o Nordeste. Estamos esperando uma retratação”, finalizou Dino.
Confira o vídeo do momento, e o comentário do governador Flávio Dino na sua conta do Twitter:
Flávio Dino 
✔@FlavioDino
Neste vídeo, ouvi mais claramente o que disse o presidente da República. Parece chamar todos os nordestinos de “paraíba” e me ameaça, com estranha raiva. Lamento e espero explicações, pois isso é algo realmente inédito e incompatível com a Constituição
