1 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

‘Já chega’: Mandetta afirma que aguarda apenas substituto para sair do ministério

Ministro reconhece que trabalho acabou e se prontifica a ajudar o sucessor

Após mais uma entrevista coletiva diária da série iniciada há cerca de três meses em razão da pandemia do novo coronavírus, o tom era de despedida para o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e o balanço feito por ele e seus principais auxiliares levam a crer que esta quarta (15) foi a última coletiva pilotada por Mandetta.

O ministro confirmou que o secretário de Vigilância e Saúde, Wanderson Kléber de Oliveira, havia pedido para sair do ministério na manhã do mesmo dia, mas que ele não aceitou a demissão, dizendo que sairão juntos.

Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro, ainda procura um substituto para assumir a pasta. Ele o ministro encaram de forma diferente a necessidade do distanciamento social: enquanto Mandetta alerta para o avanço e gravidade da doença, o presidente insiste em focar no lado econômico e retomar as atividades o mais rápido possível.

E o ministro Mandetta confirmou com a VEJA, por telefone em tom de desabafo, sobre sua iminente demissão:

Ministro, a sua saída está certa, pelo que o senhor falou na coletiva de hoje. Até quando o senhor fica? Fico até encontrarem uma pessoa para assumir meu lugar.

Não tem mesmo mais jeito de permanecer no governo, ministro? De permanecer no governo? Não, não. São 60 dias nessa batalha. Isso cansa!

Sessenta dias do quê? Sessenta dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante.

O senhor acredita que a política de combate à pandemia vai mudar? Não sei, mas acho que o vírus se impõe. A população se impõe. O vírus não negocia com ninguém. Não negociou com o (Donald) Trump, não vai negociar com nenhum governo.

O senhor pretende ser governador de Mato Grosso do Sul ou de Goiás, como tem sido especulado recentemente? Como ser governador? A eleição é só em 2022! Até lá tem muita coisa para acontecer. Agora tenho de trabalhar, ganhar o pão. Tenho meus filhos na faculdade ainda, tenho um netinho.

E a carreira parlamentar, o senhor pretende retomar? Não. Já passei oito anos lá e já não queria concorrer na segunda eleição. Já foi o suficiente.

O senhor se arrependeu de ter entrado no governo Bolsonaro? Não. De jeito nenhum. Não me arrependo de nada.

O senhor sabe quem vai substituí-lo? Não, não sei. Mas nós vamos ajudar quem entrar, se quiser nossa ajuda. A gente tem compromisso com o país. Aqui é tudo marinheiro antigo, não tem principiante, ninguém vai torcer contra.