28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
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Jornalistas querem respeito e dignidade no trabalho

Empresas querem fragmentar piso salarial a partir de 40% a menor

 

Jornalistas votam pela greve contra a redução do piso da categoria. Foto: Jon Lins

Quando o desrespeito te bate à porta, a dignidade se impõe. Esta é a máxima que 90% (e não apenas uma parte) dos jornalistas alagoanos decidiram externar para as grandes empresas de comunicação de Alagoas, diante da proposta de redução de 40% do piso salarial da categoria.

Afrontados na intolerância dos gestores empresariais, os jornalistas entraram em greve ontem (terça-feira, 25), em um movimento que ganhou as redes sociais e o apoio da sociedade alagoana.

As empresas pagaram para ver. Não esperavam que a categoria fosse capaz de decretar uma greve em um momento político atrasado que vive o País, recheado por uma agenda de retrocessos, principalmente nas relações entre o capital e o trabalho.

Mas, a greve falou alto no seu primeiro dia. Nesta quarta-feira, 26, os trabalhadores retomaram seus postos nos piquetes em frente às empresas, determinados. Mas, também dispostos a negociar à volta ao trabalho, desde que haja uma proposta decente por parte do empresariado.

O que têm até então é um engodo afrontoso. As empresas têm dito que mantém o piso salarial – que ao mesmo tempo é teto – para os que estão no mercado e querem fragmentar três outros pisos com valores a partir de 40% a menos para as novas contratações.

É a famosa pegadinha para enganar trouxa. No momento em que os trabalhadores aceitassem uma história dessas, dezenas de profissionais que estão a mais tempo nas empresas fatalmente seriam demitidos para que elas contratassem outros com valores bem menores.

Tome-se como exemplo a Organização Arnon de Mello (as Gazetas), do senador Fernando Collor de Mello, que abusa do seu poderio para pagar R$ 180,00 (isso mesmo: cento e oitenta reais) a um estagiário de comunicação, para fazer a função de jornalista. É indigno e desrespeitoso.

Pior de tudo: no ano passado as Gazetas demitiram 40 profissionais, parcelou em 10 vezes as indenizações e até agora não pagou a nenhum dos demitidos. A justiça sabe disso e faz vistas grossas.

Enquanto isso, aonde anda o senador?

A TV Ponta Verde (ex-TV Alagoas, canal 5) é dona do Plano de Saúde Hapvida. Não se digna a fornecer o plano de saúde para os seus funcionários. Aliás, esse plano hoje tem contra si uma Associação de Vitimas do Hapvida, registrada e com perfil aberto na internet.

A TV Pajuçara tem uma plêiade de políticos famosos como proprietários, mas seu acionista majoritário é o industrial Emerson Tenório, proprietário da Socôco.

Juntas, essas empresas dominam o mercado e dividem em torno de 90% do bolo da mídia publicitária do setor público local – Governo do Estado e Prefeitura de Maceió.

Chega agora, na hora de reconhecer o valor dos seus funcionários, tratam de propor a redução de salários, demitem não pagam indenizações e ainda acham que trabalhador não tem direito de fazer greve.

Sem dúvida nenhuma uma afronta não apenas aos jornalistas, mas também às suas famílias que dependem dos salários que eles recebem.

A greve é justa e legal.

O que os trabalhadores querem é simples: dignidade no trabalho e respeito.