26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Justiça rejeita denúncia contra Glenn Greenwald

Jornalista considerou a denúncia do MPF uma tentativa óbvia de atacar a liberdade de imprensa livre

A Justiça Federal rejeitou a denúncia por associação criminosa, interceptação de comunicações e invasão de dispositivo informático apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal) contra o jornalista Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept Brasil. O processo corre sob sigilo de Justiça.

No texto da decisão proferida hoje, o juiz Ricardo Augusto Leite, substituto da 10ª Vara Federal do DF, afirma que deixa de receber “por ora” a denúncia contra o jornalista, mas classifica que seu comportamento “possui relevância no campo jurídico” e que pode ser interpretado, por analogia, como “supressão de documento” ou “frustração da persecução penal’.

O jornalista considerou a denúncia uma tentativa óbvia de atacar a liberdade de imprensa livre. E afirmou que a acusação é uma retaliação por revelações feitas a respeito do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Não estamos satisfeitos. A decisão me protege individualmente, mas é uma grave violação à liberdade de imprensa e pode criar um precedente para que outros jornalistas sejam criminalizados no futuro. Queremos uma vitória não apenas para me proteger, mas para proteger os direitos constitucionais e a liberdade de imprensa. Por isso, vamos ao STF”. Glenn Greenwald, jornalista do The Intercept Brasil.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, havia concedido liminar, em agosto do ano passado, removendo Glenn do rol daqueles que seriam investigados e responsabilizados pelo caso diante do direito “ao sigilo constitucional da fonte jornalística”. O MPF pediu a reversão da liminar e o juiz Ricardo Leite afirmou que vai aguardar a decisão do Supremo para decidir.

Denúncia

O Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal denunciou nesta terça-feira (21) sete pessoas por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras. Entre os denunciados, seis seriam integrantes de um grupo de hackers. O sétimo é o jornalista americano Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil.

O site de notícias fez uma série de reportagens conhecida como “Vaza Jato”, a partir de diálogos privados envolvendo a força-tarefa da Operação Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.

Greenwald foi denunciado apesar de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ter proibido investigações sobre seu trabalho como jornalista, já que a Constituição brasileira protege o sigilo da fonte.