23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Laranjas teriam recebido R$ 15 milhões de 14 partidos nas eleições

Em Alagoas, a candidata a deputada federal Tida do Brejinho (PSD-AL) recebeu R$ 450 mil e teve apenas 233 votos

A corrupção é endêmica. E assim como correligionários do presidente Jair Bolsonaro defendem o mantra de que “o PT estatizou a corrupção”, o “incorruptível PSL” mesmo diante de defesas ferrenhas, também tem seus casos de corrupção. E praticamente todo partido teve uma situação semelhante nas últimas eleições.

De acordo com a Folha, ao menos 53 candidatos que receberam mais de R$ 100 mil para financiar suas campanhas saíram das urnas com menos de mil votos. Os candidatos pertencem a 14 diferentes partidos, mas com predomínio do Pros, PRB, PR, PSD e MDB.

Destes, 49 eram mulheres, reforçando a suspeita de que as postulantes a cargos eletivos sejam apenas laranjas, como os casos revelados envolvendo o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Como a lei eleitoral obriga que pelo menos 30% dos recursos dos fundos partidário e eleitoral sejam investidos em candidaturas femininas, partidos aproveitam uma brecha criando postulantes de fachada. E desviando os recursos.

A revelação de candidatas laranjas do PSL provocou uma crise no governo Bolsonaro, com bate-boca e desgaste do ministro Gustavo Bebianno, que presidiu a sigla no ano passado. A Polícia Federal abriu investigação sobre as suspeitas, e Bolsonaro passou a esperar um pedido de demissão de seu ministro, que teve até Carlos Bolsonaro vazando áudio do próprio pai, pelo Twitter.

O Pros teve 13 candidatas com menos de mil votos que receberam mais de R$ 100 mil. Em quatro destas candidaturas, os recursos vieram do diretório nacional do PT, partido ao qual o Pros aliou-se nacionalmente.

Um caso gritante no partido é de Débora Ribeiro (Pros-CE), candidata a deputada estadual e cunhada do deputado federal Vaidon Oliveira (Pros-CE), que recebeu R$ 274 mil para a campanha.

Com o dinheiro, ela contratou 122 pessoas, que receberam entre R$ 300 e R$ 10 mil durante a campanha. Teve apenas 47 votos. Nenhum deles veio de Sobral (CE), cidade onde mora a maioria dos funcionários que Débora supostamente contratou.

Alagoas

Candidata a deputada federal Tida do Brejinho (PSD-AL) recebeu R$ 450 mil e teve 233 votos. Seu segundo maior fornecedor, com repasse de R$ 100 mil, foi Claudemir Lins França, advogado do deputado federal Marx Beltrão (PSD), reeleito com 139 mil votos.

O PSD de Alagoas informou que a distribuição dos recursos seguiu critérios legais. Segundo o partido, Tida do Brejinho foi a única mulher candidata a deputada federal e recebeu o equivalente a 30% dos recursos destinados pelo PSD a candidatos no estado.