29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lima Duarte: ‘Sinhozinho Malta na Presidência e Viúva Porcina na Cultura’

Atriz Regina Duarte esteve no radar do regime militar (1964-1985) e era vista como militante de esquerda “infiltrada na TV”

Lima Duarte, ator que imortalizou ao lado de Regina Duarte o casal protagonista da novela Roque Santeiro, comentou sobre a ida da atriz à secretaria da Cultura. E não deixou de falar sobre seus personagens icônicos:

“É perfeito para o Brasil de hoje: Sinhozinho Malta na Presidência e Viúva Porcina na Cultura. Claro que é um Sinhozinho Malta, modéstia à parte, sem o charme do próprio. Bolsonaro e charme são duas coisas incompatíveis”. Lima Duarte, ator.

Após a demissão de Roberto Alvim, a atriz aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria Nacional da Cultura. Bolsonaro demitiu Alvim na última sexta (17), depois que esse apareceu em vídeo citando Joseph Goebbels um dos principais líderes do regime nazista de Adolf Hitler.

E tudo indica que o órgão não será revertida em ministério. Só que ara não desprestigiar a atriz da TV Globo, a ideia avaliada no Palácio do Planalto é retirar a estrutura federal do Ministério do Turismo.

A equipe de Bolsonaro quer vincular a estrutura da Cultura diretamente à Presidência da República. Desse modo, Regina Duarte não ficaria subordinada a um ministro, e sim ao próprio presidente.

Convite

A atriz ficou de dar a reposta definitiva, no entanto, na quarta-feira (22), quando viajará a Brasília. A ideia do Palácio do Planalto é promover, após a visita de Regina Duarte à secretária, uma entrevista à imprensa para anunciar oficialmente a sua entrada no governo.

No fim da tarde desta segunda-feira (20), Bolsonaro comentou a indicação da atriz para a função na portaria do Palácio da Alvorada, onde costuma cumprimentar apoiadores e conceder entrevistas coletivas à imprensa.

“Fiquei noivo da Regina Duarte. Fiquei noivo dela. Tivemos uma conversa bacana”. Jair Bolsonaro, presidente.

Regina Duarte

A atriz Regina Duarte esteve no radar do regime militar (1964-1985) e era vista como militante de esquerda “infiltrada na TV”, segundo descreve relatório confidencial da extinta DSI (Divisão de Segurança e Informações). Hoje, no entanto, é uma bolsonarista.

Ela passou a ser monitorada depois que viajou a Cuba para ser homenageada pela associação cultural “Casa de Las Américas”, em 1984. Durante a visita ao país, ela foi recebida pelo ex-ditador Fidel Castro (morto em 2016).

O relatório produzido pelo SNI informa que Regina esteve com Fidel e, posteriormente, “visitou centros de trabalho e diversas outras entidades, onde iniciava debates com as operárias cubanas”. Além disso, menciona um encontro da atriz com o poeta Nicolás Guillén.

Sob título “Infiltração esquerdista na TV”, a DSI, órgão vinculado ao Ministério dos Transportes na ditadura, diz que Regina se notabilizou pela “militância esquerdista” e que ela exerceria “grande influência sobre outros artistas de novelas”.