O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou o oitavo ministro do seu futuro governo. Diplomata há 29 anos, o embaixador Ernesto Araújo vai assumir a pasta das Relações Exteriores.Araújo é embaixador e atual diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Ministério das Relações Exteriores.
O Itamaraty hoje é chefiado pelo senador licenciado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), muito criticado por Bolsonaro. O anúncio foi feito nas redes sociais do presidente eleito. Na mensagem, Araújo é chamado de “brilhante intelectual”.
A política externa brasileira deve ser parte do momento de regeneração que o Brasil vive hoje. Informo a todos a indicação do Embaixador Ernesto Araújo, diplomata há 29 anos e um brilhante intelectual, ao cargo de Ministro das Relações Exteriores.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 14 de novembro de 2018
Durante a campanha eleitoral, Ernesto Araújo manteve um blog cheio de referências ao então candidato Jair Bolsonaro (PSL). O nome da página era: Metapolítica 17, número do candidato vencedor nas urnas.
No site, atualizado pela última vez há uma semana, Araújo faz uma crítica ao que chama de “globalismo” e publica ataques ao adversário de campanha Fernando Haddad (PT).
“O PT (que aqui significa não apenas ‘Partido dos Trabalhadores’, mas também Projeto Totalitário ou Programa da Tirania) não pode deixar o ser humano a si mesmo. Como você faz isso? Culpando. Criminalizando tudo o que é bom, espontâneo, natural e puro. Criminalizando a família sob a acusação de violência patriarcal. Criminalizando a propriedade privada. Criminalizando o sexo e a reprodução, dizendo que todo ato heterossexual é estupro e todo bebê é um risco para o planeta porque aumentará as emissões de carbono.”
No site, ele aproveita para falar de si mesmo. E pode ser um pouco preocupante. Ele se mostra mais religioso do que globalista.
“Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anticristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história.”
Como Ministro das Relações Exteriores, não deixa de ser curioso esse seu trecho sobre Donald Trump.
“Trump propõe uma visão do Ocidente não baseada no capitalismo e na democracia liberal, mas na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais. (…) Em seu centro, está não uma doutrina econômica e política, mas o anseio por Deus, o Deus que age na história. Não se trata tampouco de uma proposta de expansionismo ocidental, mas de um pan-nacionalismo. O Brasil necessita refletir e definir se faz parte desse Ocidente.”