26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Personalidades

Morre Moraes Moreira, cantor e compositor, aos 72 anos

Ele faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, e a causa da morte não foi revelada

O cantor Morares Moreira morreu nesta segunda-feira (13), aos 72 aos, em sua casa no Rio de Janeiro. A causa da morte não foi informada, mas seu óbito foi confirmado pela assessoria de imprensa dos Novos Baianos, grupo em que iniciou a carreira.

Nascido Antônio Carlos Moreira Pires na cidade de Ituaçu, Moraes começou a carreira tocando sanfona em festas de São João. Na adolescência, aprendeu a tocar violão enquanto estudava em Caculé.

Depois, se mudou para Salvador e conheceu Tom Zé. Formou com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão os Novos Baianos, ficando com o grupo de 1969 até 1975.

Com Luiz Galvão, compôs a maioria das canções do grupo, que é responsável por um dos discos mais icônicos da música brasileira, Acabou Chorare, de 1972. Três anos depois, saiu em carreira solo, lançando mais de vinte discos.

https://www.youtube.com/watch?v=bs1C4uXGtr0

Cordel

Vivendo a quarentena em sua casa, na Gávea, Zona Sul do Rio, o cantor e compositor teve um surto criativo numa madrugada no mês passado e despejou, de uma só vez, o texto do cordel “Coronavírus“:

Eu temo o coronavírus

E zelo por minha vida

Mas tenho medo de tiros

Também de bala perdida,

A nossa fé é a vacina

O professor que me ensina

É a minha própria lida

 

Assombra-me a pandemia

Que agora domina o mundo

Mas tenho uma garantia

Não sou nenhum vagabundo,

Porque todo cidadão

Merece mais atenção

O sentimento é profundo

 

Eu não queria essa praga

Que não é mais do Egito

Não quero que ela traga

O mal que sempre eu evito,

Os males não são eternos

Pois os recursos modernos

Estão aí, acredito

 

De quem será esse lucro

Ou mesmo essa teoria?

Detesto falar de estupro

Eu gosto é de poesia,

Mas creio na consciência

E digo não à violência

Toda noite e todo dia

 

Eu tenho medo do excesso

Que seja em qualquer sentido

Mas também do retrocesso

Que por aí escondido,

Às vezes é que notamos

Passar o que já passamos

Jamais será esquecido

 

Até aceito a Polícia

Mas quando muda de letra

E se transforma em milícia

Odeio essa mutreta,

Pra combater o que alarma

Só tenho mesmo uma arma

Que é a minha caneta

 

Com tanta coisa inda cismo…

Estão na ordem do dia

Eu digo não ao machismo

Também à misoginia,

Tem outros que eu não aceito

É o tal do preconceito

E as sombras da hipocrisia

 

As coisas já foram postas

Mas prevalecem os reles

Queremos sim ter respostas

Sobre as nossas Marielles,

Em meio a um mundo efêmero

Não é só questão de gênero

Nem de homens ou mulheres

 

O que vale é o ser humano

E sua dignidade

Vivemos num mundo insano

Queremos mais liberdade,

Pra que tudo isso mude

Certeza, ninguém se ilude

Não tem tempo, nem idade