A memória do “saudoso amigo” Gustavo Bebianno, morto em 14 de março, e a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça o motivaram o empresário Paulo Marinho a acusar o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Ex-aliado e suplente do senador, Marinho prestou hoje mais um depoimento à Polícia Federal. Ele afirma que Flávio fora informado sobre uma investigação contra seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, antes de seu desdobramento.
“Tive duas motivações: primeiro, a memória do meu saudoso amigo Bebianno, que poderia estar falando o que estou falando agora. A segunda motivação foi o episódio da demissão do ministro Moro. Achei que o meu episódio se encaixa no dele”. Paulo Marinho, na saída da sede da PF no Rio de Janeiro.
Ele informou que os delegados a quem prestou depoimento também pediram uma perícia em seu celular. O empresário deverá voltar à PF na próxima quinta-feira (28) para entregar o aparelho, já que hoje, por conta de outras operações que estão sendo deflagradas pela polícia, não seria possível analisá-lo.
“Pediram a perícia porque eles acreditam que meu celular tem alguma coisa que possa colaborar. Eu não acho nada, os delegados acham que precisa periciar meu celular. Também autorizei que tivessem acesso à nuvem para que pudessem buscar todas as informações que talvez não estivessem disponíveis no celular”. Paulo Marinho.
O empresário ainda disse não se sentir “nem um pouco intimidado” com as ameaças que vem recebendo, mas acrescentou que agora, após seu último depoimento, a história é um capítulo encerrado em sua vida.
“Não tenho nada a acrescentar na narrativa que eu dei. É página virada. Não tenho inimigos, não trabalho com gabinete do ódio. Minha missão como cidadão está cumprida”. Paulo Marinho.
Flávio Bolsonaro
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou em decisão da noite de segunda-feira pedido do senador Flávio Bolsonaro para ter acesso ao depoimento do empresário Paulo Marinho à Polícia Federal.
Na decisão, o ministro argumentou que Flávio Bolsonaro não é objeto de investigação neste inquérito e lembrou que determinou sigilo do depoimento de Marinho, que é suplente do filho do presidente e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro na eleição deste ano pelo PSDB.
Marinho, que fez parte da campanha presidencial de Bolsonaro, disse que Flávio Bolsonaro teve acesso antecipado à informação de que o ex-assessor parlamentar do senador, quando ele era deputado estadual no Rio, Fabrício Queiroz, seria alvo de uma operação da Polícia Federal.
À época, Flávio rebateu a acusação e disse que ela era uma “invenção de alguém desesperado e sem votos”.