19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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O silêncio contra os ataques à imprensa podem apodrecer a democracia

Virou rotina a intolerância e os ataques de autoridades e chefetes de hoje contra jornalistas e a imprensa em geral

País sem uma imprensa forte não terá sempre uma sociedade a mercê da tirania

Virou moda na estrutura do governo federal os ataques a jornalistas e veículos de comunicação. A intolerância com a crítica, com a fiscalização necessária dos atos dos gestores e com o direito de opinião tornou-se uma característica do governo Jair Bolsonaro.

O mais recente ataque veio do “impreCionante” ministro da Educação, Abraham Weintraub, nesta sexta-feira, 14, contra o portal UOL, ao comentar uma reportagem que fala sobre onde os ministros de Bolsonaro passaram férias. Segundo Weintraub o jornalismo do portal é “prostituído”.

UOL citou que o Ministro Paulo Guedes passou férias em Miami e Weintraub, na Disney World, nos Estados Unidos. Bastou isso para o ministro descompensado esculachar com o veículo e o jornalismo.

Além do UOL, a revista fórum também foi “condenada” por ter noticiado na última quinta-feira,que o ministro da educação firmara uma parceria com um professor de outrora  e ambos viraram sócios. De acordo com a reportagem, a parceria rendeu R$ 45 milhões. O ministro negou a informação tratando a revista como “lixo”.

Esse, indiscutivelmente, é o sintoma mais claro de uma doença chamada tirania. Os tiranos nunca conviveram pacificamente com a imprensa livre.

Qualquer que seja o governo que não suporta uma imprensa livre, independente, não tolera a democracia. Nunca é demais repetir que um país sem uma imprensa forte não tem uma sociedade livre.

Hoje no Brasil tem sido rotineiras as demonstrações de cerceamento do exercício do jornalismo até pelos guardas da esquina. Isso é tipico de republiqueta.

O caso dos jornalistas da Veja, presos por policiais militares na Bahia por que investigavam o local onde foi assassinado o miliciano do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega, gerou mais um alerta do flerte das autoridades brasileiras com o autoritarismo.

Sem falar no caso da jornalista da Folha de S. Paulo, Patrícia Campos Mello agredida por uma testemunha na CPI das Fakes News e pelo próprio deputado federal Eduardo Bolsonaro.

À imprensa cabe reagir democraticamente, em nome da liberdade de bem informar a população. Às instituições, de um modo geral, cabe o papel de condenar e punir os achincalhes contra a vida democrática, enquanto reina o estado de direito.

Omitir-se e silenciar diante de tais fatos é embalar o canto da sereia que prega a censura à liberdade de informação e por extensão a perseguição a jornalistas no exercício da profissão. Esse, um filme antigo, já visto na ditadura militar neste País.

Aliás, o  silêncio permite que o crime se alastre e apodreça princípios e pilares democráticos da vida cidadã.