29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Operação da PF cumpre mandados contra Roberto Jefferson e ativistas bolsonaristas

Allan dos Santos, Sara Winter e o dono da Havan foram alvos de ordens expedidas pelo STF

A Polícia Federal cumpre 29 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (27) no inquérito das fake news, que apura ofensas, ataques e ameaças contra ministros do STF.

Um dos alvos é o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e novo aliado do presidente Jair Bolsonaro. Um dos condenados no escândalo do mensalão, Jefferson preside um dos partidos do centrão e passou a defender Bolsonaro, a ponto de sugerir armas para caçar “comunistas” ou “inimigos da pátria”.

Outros alvos da operação são o empresário Luciano Hang (dono da Havan), assessores do deputado estadual paulista Douglas Garcia (PSL) e ativistas bolsonaristas como Allan dos Santos, blogueiro da Terça Livre, e Sara Winter, ativista que promove táticas de guerrilha no grupo 300 dos Brasil.

Este grupo 300 do Brasil é denunciado pelo Ministério Público Federal por fazer treinamentos paramilitares, onde ensinam técnicas de desobediência civil e serviços de inteligência antirrevolucionária.

Segundo o MP, o grupo pediu para que seus participantes, levassem ao acampamento montado na Esplanada dos Ministérios, “itens que você levaria para uma guerra na selva! Te esperamos para a guerra!”, demonstrando assim que o grupo tem agido nos moldes semelhantes à milícias.

Leia mais: Oito deputados bolsonaristas são alvos da PF e Carlos Bolsonaro chama inquérito de “político e ideológico”

As investigações identificaram indícios de envolvimento do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, no esquema de notícias falsas. O inquérito busca elementos que comprove sua ligação e sustente seu possível indiciamento dele ao fim das apurações. Outro filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de SP, também é suspeito.

As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e estão sendo executadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. A investigação corre em sigilo.

Críticas

Procuradores e juízes da primeira instância têm arquivado, nos estados, os desdobramentos do inquérito aberto pelo STF. Mas em Brasília, Supremo, governo federal e Ministério Público respaldam o prosseguimento da investigação.

A AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o governo Jair Bolsonaro, tem dado pareceres favoráveis à continuidade do inquérito, cuja constitucionalidade é questionada em ações no próprio Supremo e na Justiça Federal de primeiro grau em Brasília.

Segundo seus críticos, há uma série de vícios de origem:

  • A investigação foi aberta em março pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, sem provocação de outro órgão. No jargão jurídico, foi instaurada de ofício.
  • Moraes foi escolhido relator por Toffoli sem que houvesse um sorteio entre todos os ministros.
  • O objeto da apuração é amplo demais, sem um fato criminoso bem definido, o que permite que várias situações sejam enquadradas no escopo da investigação, como tem ocorrido.