20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Para 75% da população saúde pública é ruim ou péssima, aponta CNI

Por Wagner Melo, jornalista

Uma crise que parece não ter fim é a da saúde pública. Sem poder pagar os valores cobrados pelos planos de saúde, a população se sente cada vez menos assistida. É o que confirma a pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira – Saúde Pública”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Conforme o levantamento que ouviu 2 mil pessoas em 126 municípios entre os dias 2 e 25 de março deste ano, saltou de 61%, em 2011, para 75%, neste ano, o número de pessoas que considera a saúde pública ruim ou péssima.

E os principais problemas, segundo os brasileiros, são as dificuldades e a demora no atendimento, com 37% das citações. Em segundo, com 15% das menções, está a falta de equipamentos. O terceiro problema que mais incomoda os entrevistados, com 9% das respostas, é a falta de médicos. Em quarto lugar, com 9% das menções, a má administração ou a corrupção.

O interessante é que o quarto fator desencadeia os três primeiros, basta acompanhar o noticiário para se deparar com escândalos de desvio do dinheiro da saúde, além de profissionais que não desempenham eficientemente seu papel.

O universo de pessoas prejudicadas é expressivo, já que 64% da população, segundo a pesquisa, utiliza, principalmente ou somente, os serviços públicos de saúde. Apenas 17% utilizam somente ou principalmente o serviço privado.

A CNI também constatou que a população deixa de cuidar da saúde por causa dos altos custos. E é muita gente: 73% dos brasileiros afirmam que já deixaram de procurar um médico, de fazer um exame ou de tomar medicamentos prescritos devido ao preço.

Sobre as soluções, para 59% da população, a principal é equipar hospitais e postos de saúde; em seguida (52%), os entrevistados sugerem aumentar o número de médicos. Quase a totalidade da população (91%) concorda totalmente ou em parte que os diretores de hospitais devem ter formação específica em administração ou gestão.

A pesquisa deve ser considerada por quem tem responsabilidade com a saúde publica, pois é um dos principais anseios da população, assim como a segurança pública. Porque além da violência, o tempo de espera na fila de um hospital custa vidas.

Será que os interessados em ter um mandato, seja Executivo ou Legislativo, sabem o que povo pensa e deseja? Diante de um cenário de incertezas e insatisfação geral é bom ouvir quem, realmente, possui o poder. Ou, pelo menos, deveria.