23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

PF vazou para Flávio Bolsonaro operação Queiroz durante o 2º Turno e evitou deflagração

Informação é do suplente do senador; Miliciano e sua filha foram demitidos para evitar desgaste nas eleições

Um dos mais importantes e próximos apoiadores de Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018, Paulo Marinho fez uma grave denúncia envolvendo a PF e Flávio Bolsonaro, do qual foi suplente na chapa ao Senado: o filho do presidente soube com antecedência que a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz, seria deflagrada.

Marinho afirma que, “absolutamente transtornado”, Flávio buscava a indicação de um advogado criminal em dezembro de 2018. Isso porque o escândalo de Fabrício Queiroz, funcionário do filho do presidente no seu gabinete de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio, não saía das manchetes.

Por causa das graves acusações de “rachadinhas” e de desvio de dinheiro público, o senador recém-eleito temia as consequências para o futuro governo do pai. E precisava se defender.

Mas Marinho vai além nas informações dadas em entrevista à Folha:

Segundo ele, Flávio disse que soube com antecedência que a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz, seria deflagrada. Ele fora avisado da existência dela entre o primeiro e o segundo turnos das eleições, por um delegado da PF, simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro.

E mais grave: os policiais seguraram a operação, até então sigilosa, para que ela não acontecesse antes do dia de votação e prejudicasse a candidatura de Bolsonaro. Curiosamente, o então juiz Sergio Moro liberou a delação de Palocci, ex-ministro de Dilma, no mesmo período, prejudicando a candidatura de Fernando Haddad, do PT.

Flávio é investigado no Rio de Janeiro devido a movimentações atípicas suas e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz identificadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no âmbito da Operação Furna da Onça, que mirava deputados estaduais.

O delegado-informante teria até aconselhado ainda Flávio a demitir Fabrício Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro em Brasília.

Os dois, de fato, foram exonerados naquele período, em 15 de outubro de 2018. Queiroz estava sumido em dezembro. Mas, segundo Marinho, o senador Flávio Bolsonaro mantinha interlocução indireta com ele por meio de um advogado de seu gabinete.