19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Porque ainda não é tempo de afrouxar as regras em relação ao coronavírus

No setor público ou no privado, é preciso manter o pé no freio, porque a situação ainda está longe do controle

Tem razão, o corregedor-geral da Justiça de Alagoas, Fernando Tourinho, ao defender que o retorno das atividades presenciais no Judiciário, quando acontecer, ocorra de forma gradual. Ele participou de uma transmissão ao vivo, pelo instagram do curso de Direito do Cesmac, e foi taxativo: “Temos que ir aos poucos. Não adianta abrir o fórum e uma multidão aparecer lá”. E defende um equilíbrio entre as atividades presenciais e o serviço remoto no período pós-pandemia. Até sugere que os casamentos, por exemplo, entre outras ações do Judiciário, poderiam continuar por mais algum tempo, acontecendo de forma remota, em videoconferência, com tem sido feito nesse período de recolhimento, para tentar conter os impulsos de aglomerações, quando o vírus ainda circula e ameaça. Enquanto presencialidade começaria pelas audiências de instrução.
Prudencial, esse pensamento. De fato, num momento em que o Governo acena com a possibilidade de “flexibilização” das medidas adotadas para enfrentar a pandemia do coronavírus, esse ideia de gradatividade deve ser pensada para todos os setores – comércio, serviços e todos os seguimentos que estiveram – e ainda estão de portas – fechadas nesse período de isolamento social, na expectativa de reabertura.
É preciso entender essa palavra “flexibilização” no sentido de ‘tornar menos rígido’ e não de afrouxar de vez as regras de proteção e controle. E, mais do que nunca, é preciso que o estado seja firme e exerça esse controle com fiscalização rígida. Senão, em nada terá adiantar todo o enclausuramento desses três meses; todo esse sacrifício de portas fechadas e prejuízos econômicos.
O protocolo sanitário publicado na última terça-feira, pelo governo de Alagoas, traz uma série de exigências, preparando o terreno para a reabertura da economia e do setor público. Mas, continuo achando que, com os números de contaminação e mortes em alta, ainda não é tempo.
As estatísticas mostram a curva ascendente da Covid-19 cada vez mais alta; as notícias de novos surtos em locais que pareciam sob controle, assustam o mundo. O Brasil beira a faixa de 1 milhão de casos confirmados (978 mil, segundo o boletim do Ministério da Saúde divulgado hoje à noite). Já são 47.748 mortes, sendo 1.238 ocorridas de ontem para hoje. Pelo terceiro dia consecutivo, registrou mais de 1.200 óbitos em 24 horas.
Em Alagoas, são mais de 25.600 casos confirmados; 831 mortes até o início da noite desta quinta-feira (10). Foram 20 óbitos nas últimas 24 horas, segundo o boletim oficial da Sesau. Isso significa 1 óbito a cada 72 minutos no Estado. Decididamente, não é hora de flexibilizar. Seria abrir portas para a livre passagem do vírus. Não adianta apostar no bom senso da população, porque a primeira porta que se abre, desperta na maioria uma ‘necessidade urgente’ de fazer alguma coisa na rua, de aglomerar em lojas, nos pontos de ônibus, nos transporte coletivos.
A prática tem mostrado, aqui ou alhures: Basta uma loja aberta para comprar tecido, aviamentos, e logo um monte de gente enxerga a necessidade inadiável de comprar um tapete, um lençol, uma toalha… As imagens dos poucos es estabelecimentos autorizados a funcionar mostram que boa parte das pessoas não tem noção de perigo quando saem às compras. Estou falando de mercado, supermercados, imagine abrindo todo o comércio, shoppings, restaurantes, serviços públicos, todos de uma vez. O povo vai sair de casa com força, em romaria, seja para ir ao fórum, à igreja, à praça, à perfumaria, como se não pudessem adiar suas necessidades consumistas ou de serviços.
Por isso é importante que tudo ocorra de forma gradual.

One Comment

  • Avatar Eder

    Defendo a abertura gradual das atividades, contudo o momento é de refletir se os míseros 600 reais dao para algo. Será que a fome de muitos agora aguenta mais tanto tempo? Será que precisamos ser tão radicais? Não adianta viver com a birra política prevalecendo.

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