20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Quando Paulo Guedes repete Evilásio Soriano: a pobreza paga o pato

Não foram os pobres que mataram quase 300 em Brumadinho, nem destruíram o Pinheiro, em Maceió

Paulo Guedes: os pobres pagando o pato

A Cega Dedé, lá em Paulo Jacinto, ficou agitada depois que ouviu pelo rádio, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarar no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), que “o grande inimigo meio ambiente é a pobreza”.

E o ministro arrematou: “se destroem é por que têm fome”.

A ceguinha estrebuchou com a cara de pau de sua excelência que colocou na conta dos pobres do Brasil o desmatamento da Amazônia, as línguas sujas das praias de Maceió, o Riacho Salgadinho, o desastre criminoso de Brumadinho, onde morreram mais 270 mineiros, entre outras tantas agressões cotidianas ao ambiente, como as praticadas pela especulação imobiliária no litoral brasileiro.

Claro. Não é o pobre que usa motosserra para desmatar. Não foi o pobre que ocupou a APA de Santa Rita, em Marechal Deodoro, para construir o Condomínio Laguna. Nem são os pobres que estão invadindo áreas de marinha e privatizando praias para construção resorts, condomínios e pousadas no litoral norte alagoano, como vem acontecendo de São Miguel dos Milagres a Porto de Pedras, aqui nas Alagoas.

Foi aí que a Cega Dedé lembrou que o ministro, na ânsia especulativa, apenas repetiu a fala de um alagoano em meados dos anos 70. Nos jornais da época, em Maceió, o economista Evilásio Soriano declarou que  “o maior inimigo do meio ambiente é a miséria”.

Evilásio, então, era Secretário Estadual de Planejamento no Governo Divaldo Suruagy. Estava ele, naquele momento, defendendo amplamente a Salgema e a instalação do Pólo Cloroquímico no platô dos Rio dos Remédios.

Exatamente quando ambientalistas alagoanos, liderados pelo professor José Geraldo Marques, Oswaldo Viegas e José Roberto Fonseca se manifestavam contrários a degradação do meio ambiente no Estado de Alagoas, a partir da instalação da Salgema no bairro do Trapiche.

Essa é uma história que Dedé conhece muito bem. Mas, muito mais do que ela, conhecem os resultados de tudo isso os moradores do bairro do Pinheiro e das encostas do Mutange e Bebedouro.

Eles sabem o tamanho do drama que estão vivendo graças aos danos ambientais causados por quem não tem responsabilidade social, por quem vive da especulação financeira e não liga a mínima para o desenvolvimento sustentável.

O Pinheiro já está sendo apelidado de bairro fantasma pela imprensa nacional e todos sabem o por quê.

Ou seja, o pobre é sempre usado para os interesses políticos de gente inescrupulosa e no final das contas paga o pato salgado de todas as aberrações que surgem depois.

Tome tento ministro. Se não queres respeitar os pobres brasileiros, respeite ao menos a Cega Dedé.

Ela não vê, mas tem ouvidos atentos.

 

 

 

 

 

One Comment

  • Avatar Sérgio Peixoto da Rocha

    Texto muito esclarecedor e verdadriro. Tem mais alguns lugares como France
    ,Barra de São Miguel… O abandono completo da orla lagunar., O descaso com nossas lagoas. O riacho Salgadinho ,o emissario submarinho do Sobral. Homi,se for citar tudo …

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